As terras agrícolas da região do Litoral Norte, das categorias primeira e segunda, apresentaram o preço mais elevado do Estado no último levantamento do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), referente ao ano de 2023. No entanto, a maior valorização, para as mesmas categorias de terras, foi nas regiões Meio-Oeste, Oeste e Extremo Oeste.
Já na Grande Florianópolis, houve redução de preço. Em Águas Mornas, por exemplo, que foi o município onde a pesquisa de 2013 registrou o maior preço do Estado para essa categoria de terras, houve uma diminuição dos valores no levantamento de 2023, de quase 60%.
Os dados dos preços mais comuns, máximo e mínimo das terras agrícolas em Santa Catarina fazem parte de levantamento anual do centro de pesquisa e estão disponíveis nos sites do Observatório Agro Catarinense e do Infoagro.
Conforme a analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Glaucia Padrão, no caso do Litoral Norte, uma das explicações para os preços elevados é a área de influência de cidades que tiveram grande valorização imobiliária da área urbana, o que acabou refletindo, também, nas terras agrícolas.
“De maneira geral, há um cuidado metodológico para que o levantamento considere apenas as terras agrícolas, ou seja, que são exploradas para algum tipo de atividade econômica agropecuária ou florestal, mas mesmo assim, a valorização das áreas urbanas reflete nos demais imóveis da região”, explica.
Em Itajaí, por exemplo, conforme dados do Observatório Agro Catarinense corrigidos monetariamente para efeito de comparação, o preço mais comum do hectare da terra agrícola de primeira passou de R$103,74 mil, em 2013, para R$210 mil em 2023, um aumento de 102,43%. O município foi o que registrou, no ano passado, o maior valor estadual para essa categoria.
Pelos dados do Observatório também é possível observar que, há 10 anos, os municípios com maior preço das terras agrícolas, levando-se em consideração o preço mais comum para terras de primeira, estavam, majoritariamente, na região da Grande Florianópolis.
Em Águas Mornas, que foi o município onde a pesquisa registrou o maior preço mais comum do Estado para essa categoria de terras, em 2013 houve uma diminuição dos preços de quase 60%. O valor que há dez anos era de R$248,97 mil (corrigido), passou para R$100 mil em 2023, sempre tendo como referência o preço mais comum para um hectare de terra de primeira.
Terras para agricultura mecanizada
Já a valorização das terras no grande Oeste tem vinculação com um fenômeno diferente, a expansão da produção de grãos no Estado, especialmente de soja. “Nos últimos dez anos, em Santa Catarina, houve uma valorização das terras com maior potencial para a agricultura mecanizada”, explica Glaucia. Embora, atualmente, o preço da saca de soja esteja abaixo da expectativa dos produtores, o produto esteve valorizado especialmente durante o ano de 2022 e primeiros meses de 2023, o que puxou os preços das terras para cima.
Para se ter uma ideia, no município de Campos Novos, no Meio-Oeste Catarinense, o hectare da terra de primeira, que em 2013 era negociado pelo preço mais comum corrigido de R$55,72 mil, em 2023 registrou um preço mais comum de R$148,76 mil, um aumento de quase 167%. Em Chapecó, município da região Oeste, o hectare da terra de primeira passou de um preço mais comum corrigido de R$77,8 mil, em 2013, para R$116,6 mil em 2023, um aumento de quase 50%.
Os dados de outros municípios e outras categorias de terras podem ser consultados no site do Infoagro (para informações referentes a 2023) ou do Observatório Agro Catarinense (com dados das pesquisas anuais realizadas desde 2009, em valores nominais).