Desde que deixou o país no último domingo, 15, após o Taleban cercar Cabul e praticamente encerrar a disputa pelo poder no país, o paradeiro do presidente Ashraf Ghani era desconhecido. Muito se especulou sobre qual teria sido o destino do ainda presidente de direito do Afeganistão, mas apenas nesta quarta-feira, 18, o governo dos Emirados Árabes Unidos confirmou que recebeu o líder político afegão. No Afeganistão, pessoas que integravam o governo disseram às agências internacionais de notícias que ele teria levado dezenas de malas cheias de dólares – que tiveram que ser colocadas em quatro carros devido à quantidade.
Em um comunicado pela agência de notícias oficial WAM, o Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional dos Emirados Árabes confirmou que Ghani e sua família foram recebidos no país “por considerações humanitárias”. Não foram divulgadas, no entanto, mais detalhes sobre sua chegada.
Após o cerco de Cabul pelo Taleban, Ghani deixou o país em segredo, causando certa confusão inclusive entre líderes do grupo rebelde – que haviam prometido não entrar na cidade até a noite do domingo, mas voltaram atrás e tomaram o controle após a informação de que o presidente havia fugido, para “evitar saques e caos social”, segundo seus líderes.
Inicialmente, especulou-se que o presidente tivesse cruzado a fronteira em direção ao Tajiquistão. Posteriormente, foram levantadas hipóteses de que ele poderia ter ido ao Usbequistão ou Omã.
Ghani não renunciou formalmente ao cargo, apesar de ter deixado o país e ter perdido o poder de fato. Após a tomada da capital, sem resistência das forças afegãs, o presidente divulgou um comunicado, dizendo ter fugido para “evitar um derramamento de sangue”, já que os insurgentes estavam dispostos a atacar Cabul para tirá-lo do poder. Desde então não fez qualquer declaração pública.
A fuga de Ghani foi criticada por autoridades afegãs como Abdullah Abdullah, representante do governo na mesa de negociações de paz em Doha, que chegou a afirmar que o presidente seria julgado por Deus após ter abandonado o país em um momento tão difícil. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)