Apoiadores da presidente Dilma Rousseff preparam mobilizações em todo o país contra o impeachment, classificado por eles de golpe, e prometem não aceitar retrocessos caso o vice-presidente Michel Temer assuma o governo.
Na última segunda-feira (25), a presidente se reuniu com representantes da Frente Brasil Popular e do Povo sem Medo, grupos de movimentos sociais que se organizaram contra o afastamento dela e a retirada de direitos.
Os militantes disseram à Dilma que a proposta de convocar novas eleições para garantir sua “saída honrosa” da Presidência da República pode ser uma saída para o futuro, mas significaria “jogar a toalha” se fosse defendida agora. Segundo relatos de participantes da conversa, a presidenta apenas ouviu as sugestões e não se manifestou sobre o assunto.
No próximo domingo (1), Dia do Trabalho, as organizações estão convocando atos em diversas cidades brasileiras. Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva são esperados em uma das manifestações, em São Paulo.
Por enquanto, a pauta é “defender a democracia, condenar o golpe” e manter o discurso de que é possível barrar o impeachment no Senado. Até o dia 12 de maio, os senadores devem analisar se aprovam a abertura do processo, mas a derrota já é dada como certa no Palácio do Planalto e entre governistas.
Antes do 1º de Maio, outros eventos em defesa de Dilma devem ocorrer, como o Dia Nacional de Paralisação das Escolas e Universidades, convocado pela União Nacional dos Estudantes para amanhã (28).
Também nesta quinta-feira, Dilma receberá senadores que estão juntando assinaturas para uma proposta de emenda à Constituição que propõe novas eleições presidenciais este ano, com um mandato tampão de dois anos para o eleito. O grupo quer que o governo encampe o projeto, mas até o momento a avaliação do Planalto é de que, por enquanto, a proposta deve ser tratada apenas no âmbito do Congresso.
Hoje (26) de manhã, Lula e o ministro-chefe do gabinete da Presidência, Jaques Wagner, se reuniram na casa da senadora Lídice da Mata (PSB-PB) com o grupo de senadores para discutir o assunto. Para interlocutores do Palácio do Planalto, porém, a proposta de novas eleições “precisa ainda se solidificar”.
Governo Temer
O deputado Zé Geraldo (PT-PA), um dos parlamentares que articula com os movimentos sociais o apoio à Dilma, disse que o momento é de “combater o golpe”, mas adiantou que os governistas não vão aceitar um eventual governo Temer.
Segundo Geraldo, “muita água vai rolar” entre o possível afastamento de Dilma pelo Senado e o seu efetivo julgamento, e acredita que a população vai se voltar contra o impeachment nesse meio tempo.
“A toalha não foi jogada ainda. Sabemos que estamos em desvantagem, mas a aprovação do impeachment da Câmara colocou muitos brasileiros a refletir, a partir do que aconteceu. A gente entende que o processo vai ser admitido no dia 11 no Senado. Mas entre admitir e julgar, aí temos um tempo ainda”, analisou.