Coluna Entrelinhas
Surfando na “onda Bolsonaro”, cresce um movimento para fundar o PSL em Biguaçu, visando construir uma “terceira via” para candidatura a prefeito, em 2020. Um pedido para criar um diretório provisório da agremiação foi protocolizado no TRE/SC no dia 2 de agosto de 2018, mas está suspenso por não informar o número do CNPJ no prazo legal de 30 dias.
As eleições biguaçuenses para chefe do Poder Executivo municipal há décadas são polarizadas entre uma militância liderada pelo PP (que em 2016 ajudou a eleger Ramon Wollinger, do PSD) e outra do MDB. Um grupo que se forma com políticos, empresários, advogados e lideranças de vários setores da sociedade quer quebrar essa disputa.
Biguá News apurou nesta segunda e terça-feira (8 e 9), com várias fontes, que o grupo já atuou no 1º turno destas eleições de 2018, fazendo o Comandante Moisés (PSL) chegar aos 10.699 votos em Biguaçu, para o cargo governador de Santa Catarina. Ele ficou atrás apenas de Gelson Merísio (PSD), com 12.480, e desbancou Mauro Mariani (MDB), que teve 5.835. Moisés e Merísio disputarão o 2º turno em 28 de outubro.
A movimentação em prol do postulante do PSL ao governo não foi isolada. Ela foi casada com a candidatura de Lucas Esmeraldino (PSL) ao Senado Federal. Este somou votação praticamente idêntica à do comandante, com 10.696 sufrágios. Repare nas votações destacadas em azul, que ambas campanhas caminharam juntas em Biguaçu. E isso é o principal sinal da atuação do grupo que fundará o PSL no município.
A campanha silenciosa a favor de Moisés e de Esmeraldino em Biguaçu foi feita semelhante à de Jair Bolsolnaro em âmbito nacional, por meio de ativismo via Whatsapp – que não é detectado pela imprensa ou institutos de pesquisa. Disseminação de conteúdos em grupos com milhares de usuários do aplicativo de mensagens pediam votos para Moisés e Esmeraldino.
Biguá News apurou junto a fontes os nomes dos principais articuladores dessa movimentação, mas foi pedido sigilo por enquanto, pois eles esperam os resultados das urnas no dia 28 de outubro, para saber se Bolsonaro confirmará sua eleição presidencial e se o candidato a governador do partido desbancará Merísio.
O que pode-se adiantar é que no futuro PSL biguaçuense entrarão pelo menos três dos atuais 15 vereadores, vários suplentes de vereador que foram muito bem votados em 2016, advogados, empresários, e lideranças em vários segmentos sociais. E essa migração para o novo partido ocorreria com nomes de ambos os lados que há décadas polarizam as eleições no município. Eles aduzem que nos atuais grupos – PP/PSD/PR e MBD/PPS – não há espaço para contemplar o anseio de mudança exarado pelas urnas no domingo passado. Ou seja, que os candidatos da situação e da oposição em 2020 tendem a ser velhos conhecidos da política tradicional.
Na avaliação deste colunista, o sucesso dessa empreitada a ser capitaneada por esse novo grupo dependerá da confirmação da eleição de Bolsonaro e de Moisés no próximo dia 28, e de uma boa gestão de ambos nos primeiros 18 meses de mandato, mas, sobretudo, de quais nomes seriam lançados a prefeito e vice em 2020. A onda de mudança trazida pelo “tsunami Bolsonaro” pede – apesar de Jair ser político há três décadas – nomes novos na política (vide a ascensão de Moisés, a expressiva votação de Esmeraldino e as renovações na Alesc, Câmara dos Deputados e Senado Federal). Não bastará – a essa terceira via em Biguaçu – dizer que representa uma mudança, se apresentar políticos tradicionais ao eleitorado.
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