A Operação Skala, deflagrada nesta quinta-feira (29), buscou avançar na apuração sobre suspeitas em torno da reforma de um imóvel de Maristela Temer, filha do presidente da República, Michel Temer (MDB), dentro do Inquérito dos Portos. A pedidos da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso determinou que fosse ouvida Maria Rita Fratezi, a esposa do Coronel Lima, amigo do presidente Temer, e sócia do
marido na PDA Projeção e Direção Arquitetônica LTDA.
O interesse em ouvir Maria Rita Fratezi, esposa do coronel, é explicar a “reforma de
alto custo em imóvel da senhora Maristela Temer, filha do Excelentíssimo Senhor
Presidente da República”, segundo Barroso. “Há informações sobre pagamentos de
altos valores em espécie”, registrou o ministro.
João Batista Lima Filho – o Coronel Lima – é suspeito de ser responsável pela
captação de recursos irregulares para Michel Temer, por meio de suas empresas,
em especial a Argeplan e vinha justificando não comparecimento para depor em
razão de restrições de saúde. Desde junho do ano passado a Polícia Federal não
conseguia ouvi-lo.
Outro nome ligado à Argeplan que o ministro Barroso autorizou à Polícia Federal
ouvir é Almir Martins, contador da empresa. “Sua oitiva visa a esclarecer a real
capacidade operacional da empresa, bem como se de fato prestou ou ainda presta
serviços para empresas concessionárias de terminais portuários”, apontou Barroso.
“Capitalização”
Ao autorizar a Operação Skala, Barroso registrou que, para a Polícia Federal, a
empresa Argeplan, de João Batista Lima – coronel aposentado amigo do presidente
Michel Temer -, “tem se capitalizado” com recursos de empresas interessadas na
edição do Decreto dos Portos e distribuído tais recursos para os demais
investigados.
Barroso citou que a PF chegou a essa constatação na análise dos documentos
colhidos tanto no Inquérito dos Portos, do qual é relator, quanto nos autos de um
inquérito que já tramitou no Supremo sobre o setor portuário e hoje se encontra
arquivado – Temer foi investigado nesse caso.
Para a Polícia Federal, segundo Barroso, a análise conjunta dessas duas
investigações “permite concluir que a Argeplan, agora oficialmente com o
investigado João Batista Lima Filho como sócio, tem se capitalizado por meio do
recebimento recursos provenientes de outras empresas – as interessadas na
denominado Decreto dos Portos -, e distribuído tais recursos para os investigados”.
Sobre a capitalização da empresa do Coronel Lima, Barroso destaca que um
relatório demonstra “crescimento exponencial da empresa Argeplan nos últimos 20
anos, inclusive no setor nuclear, em parceria com a AF Consult do Brasil, o que se
vê de um contrato no valor de R$ 160 milhões com a Eletronuclear para as obras da Usina Angra 3, cuja obtenção, segundo José Antunes Sobrinho, só teria ocorrido por ser a Argeplan ‘ligada a Temer’ e precisou subcontratar a Envegix porque não tinha capacidade para o serviço”.