BBC – O anúncio de que o governo Michel Temer (MDB) ordenou que forças federais desobstruíssem estradas onde caminhoneiros se manifestam há cinco dias não esvaziará o movimento, diz à BBC Brasil um dos mais antigos líderes da categoria, o sindicalista Nélio Botelho, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Estado do Rio de Janeiro. “Temos convicção de que os policiais não encontrarão formas de nos desmobilizar. Com isso, a situação a ficará mais crítica do que nunca”, afirma Botelho.
O sindicalista se projetou como representante de caminhoneiros no governo José Sarney (1985-1990). Desde então, participou de várias mobilizações pelo país. “Tem que cair a ficha para o governo: nossa categoria é fundamental para país e estamos vivendo no submundo”, afirma. “Se a greve avançar pelo fim de semana, chegaremos na segunda-feira num cenário de caos”, prevê o manifestante.
Nesta sexta-feira, Temer disse ter acionado “forças federais para superar os graves efeitos da paralisação”. Os detalhes da ação serão conhecidas quando Temer publicar um decreto determinando a realização de uma operação GLO (Garantia de Lei e Ordem).
No começo da tarde, os ministros Raul Jungmann (Segurança Pública) e Joaquim Silva e Luna (Defesa) conversaram com os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica no Ministério da Defesa. Logo depois, foram ao Palácio do Planalto.
Botelho afirma que os caminhoneiros não estão bloqueando as estradas, mas sim “exercendo o direito de manifestação às margens das rodovias, o que é plenamente legal”. Ele diz orientar os motoristas “a não prejudicar o trânsito de ninguém, especialmente de carga viva, abastecimento de hospitais e polícias”. “Não queremos prejudicar a população, porque o grande trunfo que temos na mão é o apoio integral em todo o território nacional”, diz.
“Estamos aguardando a presença dos policiais. Em alguns pontos eles já estiveram e constataram que não há bloqueio de rodovia”, afirma o sindicalista.