Mais de 480 cidades de todo o país iniciaram ontem (15) as cerca de 3 mil atividades da 15ª Semana Nacional de Museus, que prossegue até domingo (21). Criado em 2003, o evento comemora o Dia Internacional de Museus, que ocorre nesta quinta-feira (18). Este ano, a semana nacional tem como tema Museus e histórias controversas: dizer o indizível em museus.
A ação, que tem como objetivo ampliar o acesso e o envolvimento da comunidade a esse tipo de equipamento, tem trazido resultados expressivos. A última edição registrou um aumento de 79% de público, em relação ao ano anterior. A adesão dos museus alcança 28,5%, com um total de 1.070 serão participantes. O país conta com 3.749 locais de natureza museológica, de acordo com a plataforma Museus BR, do Ministério da Cultura (MinC).
Os dados são especialmente relevantes ante a redução de recursos destinados às instituições dessa natureza. O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que elabora relatórios setoriais desde 2011, revela uma queda de R$ 40.928.821 nestes valores em 2015 com relação ao ano anterior.
Os valores analisados são relacionados aos captados pela Lei Rouanet ou a unidades orçamentárias de sistema do MinC, que abrange o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a Agência Nacional do Cinema (Ancine), Fundação Casa de Rui Barbosa, Fundação Cultural Palmares, Fundação Nacional de Artes (Funarte) e Fundação Biblioteca Nacional.
Levantamentos da autarquia, responsável por administrar diretamente 30 instituições museológicas, indicam ainda que, em 2015, do total de R$ 307.412.866, R$ 7.034.150 foram provenientes do MinC e R$ 54.151.218, repassados pelo Ibram. Em 2014, os valores foram R$ 9.548.137 e R$ 57.347.185, respectivamente.
A pesquisa de 2015 é a mais recente apresentada pelo Ibram. Conforme esclarecimento do instituto, o período de coleta é iniciado em abril e o de apuração ocorre de julho a agosto. A divulgação é, em geral, feita em setembro de cada ano.
Segundo a presidente do núcleo brasileiro do International Council of Museums (Icom) [Conselho Internacional de Museus, em tradução livre], Maria Ignez Mantovani Franco, a redução de recursos no setor museológico é um traço global, não sendo uma exclusividade do Brasil. Ela esclarece que um dos desafios, nos últimos 20 anos, tem sido o de reconhecer “a importância da ressignificação de acervos e encontrar caminhos de sustentabilidade”.
A maior duração das exposições, agora em menor número nos museus, seria um dos efeitos do novo cenário. A governança, a diversificação de fontes de sustentabilidade e o aprimoramento da gestão seriam ferramentas de solução. Para ela, é crucial “incentivar que museus consigam reagir, que não se fechem, não fiquem ensimesmados, que se abram ao diálogo público”.
Questionada sobre o tema escolhido para o evento, ela afirma ser “corajoso”. “O que se espera hoje é que o museu não seja um ponto neutro. Hoje, o museu deve ser um território de pacificação de conflitos”, defendeu.
A programação completa do evento pode ser conferida em http://guiadaprogramacao.museus.gov.br/. Este mês também começa o 7º Fórum Nacional de Museus, que terá como tema central a Recomendação da Unesco Referente à Proteção e Promoção de Museus e Coleções, aprovada em 2015 por iniciativa do Brasil. Com três conferências internacionais, o fórum será realizado em Porto Alegre, de 30 de maio a 4 de junho. O site oficial é http://fnm.museus.gov.br/.