Globo Esporte – Parecia a arena. Lotado de torcedores que foram lá para transmitir apoio ao time do Palmeiras no embarque rumo a Belo Horizonte, palco da partida de quinta-feira contra o Atlético-MG, o aeroporto de Congonhas lembrou muito a casa do líder do Campeonato Brasileiro na última terça-feira. (Uma casa que tem a maior média de público no ano, a propósito). Como em outras ocasiões ao longo da temporada, os palmeirenses, que já esgotaram ingressos para o próximo jogo como mandante, fizeram um aeroporto cheirar a arquibancada.
Já tinha sido assim ao descer do avião em Londrina, Brasília… A equipe de Cuca se sentiu local em oportunidades nas quais, na verdade, o mando de campo era adversário. Mediu forças contra Flamengo, fez Fluminense e América-MG parecerem visitantes. Encheu estádios quando shows a tiraram de seus domínios.
Na terça-feira, a festa em Congonhas começou bem antes das 18h, horário marcado (e divulgado nas redes sociais) para todos se concentrarem. Enquanto alguns bebiam do lado de fora, batuques e bandeirões já garantiam animação no térreo. Era como se ali fosse o Gol Norte (quando ainda se podia levar batuques e bandeiras ao setor mais popular do estádio palmeirense). O segundo andar, uma espécie de camarote, parecia Superior Norte e Sul.
Além de todos os cantos tradicionais – como o que fala da obsessão pela Libertadores ou aquele que pega no pé da imprensa esportiva, por exemplo –, teve também uma música nova. “Eu vou beber, beber até cair. O enea vem aí, o enea vem aí”, lançaram, em referência ao possível nono título brasileiro. Um título que o clube não conquista há 22 anos e que realmente parece próximo, dada a vantagem de seis pontos na liderança, restando quatro rodadas em disputa.
Mas o ponto alto mesmo foi quando o ônibus com os jogadores estacionou em frente à entrada do aeroporto. Como um telefone sem fio, os torcedores foram avisando uns aos outros até a notícia se espalhar e chegar ao fundo do saguão. Alguns deles se apressaram em acender sinalizadores (artefatos hoje em dia também proibidos nos estádios brasileiros). Rapidamente, a fumaça verde entupiu de empolgação os pulmões ali presentes.
No trajeto até o portão de embarque, contagiados, jogadores e membros da comissão técnica se perdiam e eram empurrados pelos braços da multidão. Com a escada rolante parada, ainda fizeram questão de assistir de cima à festa que era feita no Gol Norte improvisado. Gravaram vídeos e cantaram junto o hino do Palmeiras.
A festa em Congonhas foi marcante, a maior já feita para esta equipe, sem dúvida, mas não foi a primeira. Ao longo da temporada, esses mesmos jogadores já tinham sido recepcionados de forma calorosa em outros aeroportos pelo Brasil. Como em Londrina (onde a equipe derrotou o América-MG), Brasília (palco das vitórias sobre Flamengo e Fluminense), João Pessoa (antes de jogo da Copa do Brasil contra o Botafogo-PB), Recife, Florianópolis…
Time e torcida têm se misturado faz tempo. Desde a primeira rodada do Brasileiro, quando havia uma mensagem de união pelo título nas cadeiras da arena. Em tempos de proibições diversas e fechamentos de rua ao redor de estádio, aeroportos acabam sendo uma saída para manifestar apoio, para respirar futebol e se lembrar como é o cheiro da arquibancada.