*Gabriel Daros
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) receberá, até o início de 2016, um total de 38 alunos estrangeiros pelos Programas de Estudante-Convênio de Graduação (PEC-G) e de Pós-Graduação (PEC-PG). Dos 75 integrantes do PEC-PG apoiados neste ano, sete estudarão na UFSC, que segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), é a segunda Universidade do Sul do país que mais recebe estudantes pelo programa.
O professor e secretário de Relações Internacionais da UFSC, Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, avalia que os programas de estudante-convênio reforçam o caráter multiétnico da Universidade. “Além da solidariedade prestada, recebemos jovens de diferentes países e continentes, que enriquecem a atmosfera cultural e acadêmica da UFSC. É, assim, uma cooperação de mão dupla”, afirma.
Pinheiro estima que, embora a Universidade tenha 110 vagas para o PEC-G por ano, são recebidos em média apenas 30 alunos estrangeiros por edital do programa.
“Os motivos para tanto são múltiplos. Nem sempre a divulgação do programa nos diferentes países é eficiente, ou os estudantes de algumas nacionalidades não se interessam por ele pois contam com boas universidades em seus países de origem. Há também interesses concentrados em alguns cursos, especialmente os tradicionais. Além disso, como as vagas são, em geral, por curso, há graduações pouco conhecidas no exterior que não recebem candidatos. Por fim, há candidatos que têm dificuldades de acesso por questões financeiras”.
Assim como o Programa de Estudante-Convênio de Graduação, o PEC-PG foi criado em 1981 para conceder bolsas de mestrado e doutorado para graduados de países que assinaram acordos culturais e estudantis com o Brasil. Administrado pelos Ministérios da Ciência e Tecnologia, Relações Exteriores e Educação, os benefícios incluem matrículas gratuitas em cursos de pós-graduação e bolsas de pesquisa de R$ 1.500 (mestrado) e R$ 2.400 (doutorado), durando um e dois anos, respectivamente. Entre 2008 e 2015, o programa recebeu 786 pós-graduandos de 32 países, em sua maioria vindos da Colômbia, Peru, Cuba, Moçambique e Cabo Verde.
Experiências
Dos 523 estudantes qualificados pelo PEC-G para estudar no Brasil, 31 escolheram a UFSC, preenchendo vagas em 18 cursos nos campi de Florianópolis, Araranguá e Joinville. Dezessete dos acadêmicos selecionados ingressaram no primeiro semestre, enquanto oito entraram no segundo semestre e mais seis iniciarão seus estudos em 2016.
A combinação de uma cultura diversificada e áreas de graduação reconhecidas internacionalmente são os principais motivos que atraem os interessados aos programas de estudante-convênio. Ao conhecer o PEC-G, a estudante boliviana Bruna Contreras se convenceu a cursar sua graduação no Brasil, ingressando na UFSC no primeiro semestre deste ano. Vinda da cidade de Santa Cruz de la Sierra, Bruna é a segunda de sua família a entrar em uma graduação pelo PEC-G. “Fiquei sabendo dessa alternativa pelo meu pai, que participou do programa quando era mais novo”.
Auxiliada pelo consulado brasileiro, a aluna encontrou na UFSC costumes similares ao da juventude de seu país, uma culinária condimentada e, principalmente, uma recepção calorosa. “O Brasil é um lugar muito legal pra estudar, e o pessoal aqui é muito alegre”, diz.
Atualmente, o PEC-G é regido pelo Decreto 7.948/13 e atendido em conjunto pelos Ministérios da Educação e das Relações Exteriores. Hoje, por meio do programa, os estudantes concluem suas graduações no Brasil e retornam a seus países de origem para aplicar os conhecimentos adquiridos. Quando terminar o curso de Engenharia Civil, Bruna pretende usar o que aprendeu na construtora de seu pai, uma vez que sua cidade natal está em expansão.
Cobrindo 59 países ao todo – 27 nas Américas, 25 na África e 7 na Ásia –, o PEC-G já atendeu quase nove mil estudantes na última década, com boa parte vindo de Cabo Verde, Guiné-Bissau e Angola. Os maiores números de vagas disponíveis para graduandos estrangeiros no Brasil estão nos cursos de Letras, Comunicação Social, Administração, Ciências Biológicas e Pedagogia. Segundo dados da Capes, nos últimos 15 anos, o continente com maior participação no PEC-G é a África (77%), seguida da América do Sul (15%), da América Central (7%) e da Ásia (1%).
*Gabriel Daros é estudante de Jornalismo na UFSC