Nelson F During/ Editor-Chefe DefesaNet –O governo Maduro posicionou o Sistema de Mísseis de Defesa Aérea S-300VM próximo à fronteira com o Brasil. É a segunda ação após anunciar o fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil, o que ocorreu às 20h desta quinta-feira (21). Este é um cenário descrito pelo analista Canis Latrans com exclusividade em Setembro de 2018, para DefesaNet (site especializado nesse tipo de cobertura).
Segundo a plotagem que DefesaNet recebeu, a posição onde o sistema S-300 foi posicionado é a região do Aeropuerto de Santa Elena de Uairén, que dista da cidade fronteiriça de Pacaraima, Estado de Roraima, cerca de 11 km.
A Venezuela possui 3 Sistemas de Defesa Aérea S-300, que inclui lançadores, sistemas de radares e apoio. Trazer um sistema estratégico tão valioso para uma posição de fronteira tem um caráter provocativo.
O que é o S-300VM
O sistema de Defesa Aéreo S-300VM é produzido pela empresa russa Antey-Almaz. Tem sido o maior sucesso de vendas no mercado internacional da indústria militar russa pós-Guerra Fria. Supera em muito o sucesso dos famosos caças Sukhoi.
A Venezuela adquiriu os S-300 durante o governo de Hugo Chávez. Junto incorporou o conceito de defesa aérea desenvolvido pelos russos desde a Guerra Fria. Trata-se de um sistema escalonado, que vai desde o menor nível com canhões até os mísseis para grande altitude:
1 – canhões de 20 a 40mm;
2 – MANPADS IGLA S 3,5km
3 – S-125 Pechora 2M 20km Altitude
4 – BUK-2ME 25 km Altitude
5- S-300VM 30 km Altitude
A Venezuela adquiriu não só os sistemas de mísseis e Comando e Controle (C2), mas sim o conceito de operação e emprego dos russos. Há três anos foi o criado o “Comando de Defensa Aeroespacial Integral” (CODAI). É subordinado ao “Comando Estrategico Operacional” (CEOFANB), outro conceito importado da Rússia.
O CODAI tem recebido treinamento sobre os avanços ocorridos na Guerra da Síria diretamente de missões russas que visitam o país. O controle de afinidade ideológico dos seus membros
O S-300VM é o grande guarda-chuva do sistema de defesa aérea venezuelano. Pode-se dizer que é o que tem mantido vivo o Regime Chavista e o Governo Maduro.
O Objetivo
O Objetivo de posicionar um sistema estratégico de tanta importância como os S-300MV tão próximo da fronteira é uma clara provocação e tem o fim de impactar todo o tráfego aéreo na região norte do Brasil.
Assim criam uma área de exclusão aérea que atinge até Manaus. Torna inefetivo o aeroporto de Boa Vista. Com os seus potentes radares trabalhando a plena potência, sem necessidade de ações discretas para evitar mísseis anti-radiação ou ações de Interferência Eletrônica, têm um alcance de 300 km.
A Venezuela expediu o NOTAM Ao 160/19 (Notice to Airmen) com um área de exclusão aérea entre o continente e as ilhas de Curaçao, Aruba e Bonaire, consideradas um dos três pontos de apoio de distribuição de ajuda humanitária.
Os outros dois pontos são Cúcuta (Colômbia) a Pacaraima (Brasl).
Porém, a área de inteligência considera, que na prática a Venezuela está colocando todo o seu espaço aéreo como área de exclusão, ao acionar os radares dos sistemas de mísseis.
As linhas internacionais Brasil-Estados Unidos usam a rota sobre a Venezuela para cruzar o Caribe.
Usando uma similaridade macabra, mas para mostrar os riscos, temos o voo Malaysia Airlines MH 17, o Boeing 777-200, abatido por um míssil BUK (performance inferior ao S-300VM), quando sobrevoava a região da Crimeia, em 17 de julho de 2014. Foram 298 vítimas.