A onda que provocou prejuízos no litoral Sul do Estado de Santa Catarina, na tarde de domingo (16), pode ser classificada como um meteotsunami, informou, nesta segunda-feira de manhã, o oceanógrafo Carlos Eduardo Salles de Araujo, da Epagri/Ciram.
Com características similares aos tsunamis gerados por abalos sísmicos, o meteotsunami se diferencia no processo de geração, sendo causado por perturbações locais na pressão atmosférica associada a sistemas meteorológicos de deslocamento rápido.
Estas perturbações na pressão do ar podem gerar ondas no mar ou amplificar as ondulações existentes e que viajam na mesma velocidade e direção do sistema atmosférico sobrejacente.
“O desenvolvimento de um meteotsunami depende de fatores como a intensidade, a direção, a velocidade e a duração com que a perturbação atmosférica viaja sobre um corpo d’água com profundidade local que permita a amplificação da altura das ondas. Na região sul do Brasil as ondas tipicamente começam a empinar por causa do atrito com o fundo em profundidades menores que 80 metros”, explica o oceanógrafo.
Como os tsunamis, o meteotsunami afeta toda a coluna d’água e pode se tornar perigoso quando se desloca para águas rasas, o que faz com a que a onda reduza sua velocidade e tenha sua altura e intensidade aumentadas (empinamento). Um aumento ainda maior pode ocorrer se a onda se propagar em corpos d’água semi fechados, como portos, baías e enseadas.
A maioria dos meteotsunamis é muito pequena para ser notada, mas uma pequena parcela pode atingir grandes proporções e provocar impactos devastadores como a destruição de estruturas e inundação costeira. Comparativamente, entretanto, mesmo os meteotsunamis mais intensos são menos severos do que os tsunamis de origem geológica, como os ocorridos em 2004 no Oceano Índico e em 2011 do Japão.
Embora os efeitos possam perdurar de horas até alguns dias, o meteotsunami atinge a costa de forma imediata. O fenômeno não deve ser confundido com as ressacas, normalmente associadas às tempestades subtropicais. “As ressacas ocorrem quando os ventos fortes empurram as águas em direção a costa, fazendo com que o nível do mar suba de forma consistente por algumas horas”, pontua Araujo.
*As informações são da Epagri/Ciram.