Larissa Linder / DC:
O movimento de turistas para o réveillon na Capital está aquém do esperado para comerciantes e donos de imobiliárias. Enquanto em 2015 foi difícil encontrar vaga em hotéis ou apartamentos nas praias da Ilha, neste ano o cenário é diferente. Em estabelecimentos de Canasvieiras, Ingleses e em lojas do Mercado Público visitadas pela reportagem, a informação é a mesma: há menos gente vindo para a virada do ano. Os números variam de 30% a 60% de redução na comparação com 2015. Em uma imobiliária de Canasvieiras (João da Luz), por exemplo, nesta mesma época no ano passado não havia mais vagas. Agora, sobram. Uma redução estimada em 40%. Em outro estabelecimento (Super Imóveis), nos Ingleses, houve um encolhimento de 30%, frustrando as expectativas:
— Falaram que receberíamos mais turistas, os proprietários aumentaram os preços e no fim das contas ficamos sem reservas — diz Rafael Luis Bachiega, representante da Super Imóveis, nos Ingleses.
Os motivos apontados são vários. O fato de a virada ter caído em um final de semana, sem proporcionar um feriado prolongado, atrapalha. Além disso, a recessão pesou. O movimento forte para a data é de brasileiros, vindos especialmente do Rio Grande do Sul, que está em grave crise fiscal e sem pagar em dia os salários dos servidores. Em uma imobiliária de Canasvieiras (Prosperare), 70% dos visitantes que costumam vir para o réveillon são gaúchos, e de cada dois clientes, um é servidor público. Por isso, a crise do Estado vizinho acabou afetando o turismo na Ilha. A impressão é compartilhada por outros estabelecimentos:
— Tínhamos clientes gaúchos que vinham há 15 anos e desta vez não fizeram reserva — conta Christiane Dutra, gerente de um apart hotel (Ilha Dourada) em Canasvieiras.
Há ainda outro problema citado por todos os entrevistados: os clientes, especialmente os que vão para Canasvieiras, têm telefonado perguntando se poderão tomar banho na praia. Na temporada passada, uma mancha de poluição tomou conta do rio do Brás e afetou gravemente o Norte da Ilha, provocando doenças nos banhistas e lotando as unidades de pronto atendimento.
O movimento não é menor apenas em hotéis, pousadas e imobiliárias. Nos restaurantes e no comércio a percepção também é de queda.Em novembro, alguns sinais já mostravam o enfraquecimento do turismo na cidade.
O Aeroporto Internacional Hercílio Luz teve a menor movimentação desde 2012, com 295,7 mil passageiros, redução de 1,8% em relação ao ano passado. A expectativa da Infraero é de que haja diminuição de 10% nos embarques e desembarques para Florianópolis entre 14/12 e 8/1 na comparação com o mesmo período de 2015.
A taxa de ocupação dos hotéis da Grande Florianópolis em novembro, apesar de leve acréscimo (0,09%) em relação ao mesmo mês em 2015, também não satisfez. Segundo Estanislau Bresolin, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SHRBS), o resultado foi puxado somente pelos estabelecimentos das termas (22,38%) e timidamente pelas empresas do centro da cidade (1,87%). Não fosse isso, certamente teria sido registrado um declínio significativo, já que nas praias e no continente os resultados foram negativos.
Argentinos são esperados em janeiro
Apesar de o réveillon não estar surpreendendo, alguns donos de estabelecimentos aguardam um fluxo grande de turistas para a Capital em janeiro, quando os visitantes são, na maioria, argentinos. Alguns hotéis e pousadas já estão com vagas esgotadas para o mês. É o caso de um hostel de Canasvieiras (Hostel Canasveiras):
— Para a virada do ano tivemos uma queda de 50%, mas já não temos mais reservas para todo o mês de janeiro — conta a proprietária, Telma Rocha.
No ano passado, o Estado recebeu um 1,4 milhão de argentinos, um recorde. A expectativa da Secretaria Estadual de Turismo é de que esta seja mais uma temporada cheia de visitantes do país vizinho.
Com a previsão de um movimento maior, a empresa argentina Flecha Bus comprou oito ônibus novos apenas para a rota que tem como destino o litoral catarinense. Segundo Leonardo Schenato, responsável pela companhia em Florianópolis, 90% da frota prevista para vir até o final de janeiro está lotada. No entanto, expectativa era de uma procura 25% maior que no ano passado, e até agora o crescimento ficou entre 10% e 15%.De acordo com a Santur, deve haver um aumento de 20% no número total de visitantes em Santa Catarina em relação à temporada passada. É esperar para ver.
* Colaborou Ânderson Silva