Dados do Ministério da Saúde apontam que os municípios da área de risco de febre amarela chegaram a 90% de cobertura vacinal depois do surto que atingiu Minas Gerais e cidades de estados vizinhos. “Com o aumento da cobertura da vacina, a expectativa é que caia o número de casos suspeitos, uma curva que ocorrerá de forma simultânea”, disse o Ministro da Saúde, Ricardo Barros. Já foram notificados 902 casos suspeitos da doença em 2017, a maior parte, 802, em Minas.
Diante do surto da doença, a pasta anunciou hoje que irá dar um incentivo financeiro por dose de vacina aplicada em 256 municípios da área de risco, dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Ao todo, esse reforço custará mais de R$ 13 milhões, a maior fatia (R$ 5,6 milhões) para Minas Gerais. Cada município receberá 25% a mais do que recebe pela aplicação de uma dose da vacina. O valor será pago pela imunização feita a partir de 1o de janeiro.
Estas prefeituras também receberão ressarcimento pelo aumento dos custos com leitos, UTIs e serviços laboratoriais, ocasionados pelo surto de febre amarela desde 1o de janeiro. “Vamos ressarcir toda criação de leitos, contratação de laboratórios, locação de equipamentos, mediante documentos comprobatórios”, disse em coletiva à imprensa o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Francisco Figueiredo.
Outra medida da pasta é adiantar 40% dos recursos de ação de vigilância – como combate ao mosquito e busca de macacos infectados – para estes municípios. Neste caso, serão liberados R$26,3 milhões para estes municípios. Em situação de normalidade, estes valores seriam repassados em abril.
Até agora, foram confirmados 151 casos da doença, sendo 134 em Minas, 13 no Espírito Santo e 4 em São Paulo. Outros 708 estão sendo investigados, sendo 639 em Minas, 52 no Espírito Santo, oito na Bahia, três em São Paulo, quatro em Tocantins e dois que ainda precisam descobrir a área onde ocorreu a infecção. Do total de casos confirmados, 48 pacientes foram a óbito em Minas, três no Espírito Santo e três em São Paulo. Outras 143 mortes estão dentro dos casos investigados.
Segundo o coordenador geral de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública, Márcio Garcia, a maior parte dos pacientes são homens entre 30 e 60 anos que trabalham na zona rural, área de circulação dos mosquitos silvestres transmissores do vírus. Desde 1942 não há registro de febre amarela urbana no Brasil.
Sintomas
Os sintomas iniciais causados pelo vírus da febre amarela são calafrios, dor de cabeça, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. O índice de mortalidade, nos estágios graves, alcança de 20% a 50% dos doentes.
O Ministério da Saúde está fazendo uma campanha para divulgar quem deve tomar a vacina contra a febre amarela. O esquema vacinal é de duas doses, tanto para adultos quanto para crianças. As crianças devem receber as vacinas aos nove meses e aos quatro anos de idade. Assim, a proteção está garantida para o resto da vida. Para quem não tomou as doses na infância, a orientação é tomar uma dose e um reforço, dez anos depois da primeira. As orientações são apenas para as pessoas que vivem ou viajam para as áreas de recomendação da vacina.