Neste sábado, 8 de abril, é comemorado no Brasil o Dia Nacional do Braille, sistema de escrita e leitura baseado na percepção pelo tato. A data foi escolhida em homenagem ao nascimento de José Álvares de Azevedo, primeiro professor cego brasileiro, que estudou o método Braille em Paris, na França, em 1844 e se dedicou a difusão do sistema no Brasil. Em Santa Catarina, a Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) produz e distribui gratuitamente livros em Braille para alunos com deficiência visual inscritos em escolas públicas. Em 2016, foram produzidos mais de 150 livros escolares, para atender as necessidades de 28 alunos cegos.
O Serviço de Produção de Livro Acessível da FCEE, realizado pelo Centro de Apoio Pedagógico e Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP), é responsável pela produção e distribuição dos Livros em Braille e envolve uma equipe técnica formada por profissionais especializados. Os pedidos de produção de livros chegam de todo o Estado por meio das Gerências Regionais de Educação.
Conforme explica o pedagogo Marcelo Lofi, coordenador do CAP, os textos são transcritos e impressos conforme as normas técnicas para produção de texto em Braille. A produção de um livro em Braille envolve diversas etapas. Tudo começa com a digitalização do livro original. A segunda etapa é a adaptação, quando os elementos do texto são organizados para a transcrição e os elementos visuais, como fotos, gráficos e imagens, são descritos. A terceira etapa é a transcrição, feita através do software Braille Fácil. O profissional responsável por esta etapa diagrama o texto e insere as adaptações conforme as normas técnicas para transcrição de livros em Braille. Nesta etapa também são feitas as adaptações das figuras, como mapas e gráficos, que ocorrem através de outro software, o Monet, que prepara as imagens para serem impressas em alto relevo. A quarta etapa é a impressão, seguida pela Revisão Braille, feita exclusivamente por revisores cegos, que realizam as últimas correções antes da impressão final e encadernação.
O processo de produção de livros em Braille pode levar meses, dependendo da complexidade e do tamanho do livro original. Um livro de matemática com 300 páginas, por exemplo, leva em torno de oito meses para ser produzido em Braille. O volume dos livros transcritos também impressiona. Um volume com 40 páginas no sistema convencional de escrita pode gerar um livro com mais de 300 páginas em Braille.
Na FCEE, a produção dos livros escolares em Braille normalmente é feita em capítulos, que são enviados aos alunos, permitindo assim que eles consigam acompanhar os conteúdos conforme o andamento do ano letivo. “O ideal é que os livros cheguem para nós antes do final do ano letivo, assim temos tempo de produzir os primeiros capítulos para o início do próximo ano letivo”, explica a professora Jeane Rauh Probst, uma das responsáveis pela transcrição dos livros em Braille.
Sobre o Braile
O Braille foi criado por Louis Braille, um jovem francês que ficou cego aos três anos. A primeira apresentação do braille foi feita por seu autor em 1825. A escrita e a leitura por meio de pontos em relevo em um tabuleiro baseiam-se na combinação padrão de seis pontos, dispostos em duas colunas de três pontos, permitindo a formação de 63 caracteres diferentes. Segundo dados do Censo do IBGE de 2010, há no Brasil mais de 6 milhões de pessoas com grande dificuldade para enxergar, destas aproximadamente 530 mil são cegas.