Operação Hammer-on, da Polícia Federal em conjunto com a Receita Federal, cumpre mandados judiciais em cinco estados do país contra um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que movimentou ilegalmente R$ 5,7 bilhões. Em Santa Catarina, são 15 mandados em Balneário Camboriú, Itapema e São Miguel do Oeste.
Ao todo, 153 mandados foram expedidos em cidades do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo. Do total, dois são de prisão preventiva, 17 são de prisão temporária e 53 são de condução coercitiva, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento, além de 82 de busca e apreensão. A ação conta com a participação de mais de 300 policiais e 45 servidores da Receita Federal.
Mandados em SC
Balneário Camboriú: 5 mandados de condução coercitiva, 4 mandados de busca e apreensão, 1 mandado de prisão temporária e 1 mandado de prisão preventiva
Itapema: 1 mandado de condução coercitiva
São Miguel do Oeste: 2 mandados de condução coercitiva e 1 mandado de busca e apreensão
Um dos mandados de prisão preventiva no país é contra Jackson Gavazzoni, dono da casa de câmbio Safira. Taiwan Gerhardt e Twrone Gerhardt foram presos temporariamente e atuam na casa de câmbio Atlas. Os três foram presos em Foz do Iguaçu. Os nomes dos outros alvos ainda não foram divulgados. O G1 tenta contato com as defesas dos envolvidos.
Investigação
Segundo a PF, as investigações começaram em 2015 e tiveram como foco um grupo criminoso composto de cinco núcleos interdependentes que utilizavam contas bancárias de várias empresas, em geral, fantasmas, para receber valores de pessoas físicas e jurídicas interessadas em adquirir mercadorias, drogas e cigarros provenientes do exterior, especialmente do Paraguai.
As empresas controladas por essa organização criminosa movimentaram os mais de R$ 5 bilhões entre 2012 e 2016, ainda de acordo com a Polícia Federal.
Além de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, a ação também investiga os crimes de organização criminosa, gestão temerária, operação irregular de instituição financeira e uso de documento falso.
O dinheiro ilícito
O dinheiro ilegal era creditado nas contas das empresas controladas pela organização criminosa e, em seguida, enviado para o exterior de duas maneiras, segundo a PF.
1ª: usando o sistema internacional de compensação paralelo, sem registro nos órgãos oficiais, mais conhecido como operações dólar-cabo.
2ª: por intermédio de ordens de pagamento internacionais emitidas por algumas instituições financeiras brasileiras, duas destas já liquidadas pelo Banco Central. Essas ordens de pagamento eram realizadas com base em contratos de câmbio manifestamente fraudulentos, celebrados com empresas “fantasmas” que nem sequer possuíam habilitação para operar no comércio exterior.
O nome da operação
O nome Hammer-on faz referência a uma técnica usada em instrumentos de corda para ligar duas notas musicais com uma mesma mão. Fazendo-se novamente referência à teoria musical, na operação Hammer-on, numa só toada, “com uma só mão”, ligaram-se duas “notas musicais” (intermediários e demandantes).
A ação é um desdobramento das operações Sustenido e Bemol que, na teoria musical, são notas intermediárias entre outras duas notas. Essas duas operações foram deflagradas pela Polícia Federal e pela Receita Federal de Foz do Iguaçu, respectivamente, em 2014 e 2015.