O advogado Daniel César da Luz, de 36 anos, atuou por 10 anos na Prefeitura de Biguaçu, exercendo cargos importantes no Poder Executivo Municipal, como o de procurador jurídico, também secretário de Administração e depois de Saúde. Com atuação destacada por onde passou, em 2019, seu nome começou a ser ventilado como possível candidato a prefeito da cidade, condição que ganhou musculatura no 1º semestre de 2020, com a aproximação do pleito eleitoral. Diante disso, ele se filiou ao PSD presidido pelo prefeito Ramon Wollinger e se descompatibilizou pedindo exoneração da Secretaria de Saúde dentro do prazo legal para poder estar apto a disputar vaga em chapa majoritária nas eleições deste ano.
Mas, a partir de sua saída da pasta da Saúde, as coisas começaram a não caminhar conforme estavam sendo planejadas. Outro político dentro do PSD, o vereador Angelo Ramos Vieira, também almejava compor chapa majoritária (como, de fato, compôs como candidato a vice-prefeito de Vilson Norberto Alves – PP). Daniel aduz que gente poderosa começou a trabalhar para minar sua pré-candidatura a prefeito, já que ele não tinha intenção de ser vice de Vilson. O resultado foi que, na convenção do partido, o vereador saiu vitorioso sobre o ex-secretário por 12 votos a 3 (uma vitória pírrica, como todos ficamos sabendo no último domingo).
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Derrotado dentro do partido e humilhado por quem poderia ter evitado isso, Daniel não baixou a cabeça, ao contrário, foi altivo e, num tiro certeiro, aderiu integralmente à campanha de Salmir da Silva (MDB) e Alexandre Souza (Podemos). Um tiro certeiro, pois, naquele momento – entre final de agosto e começo de setembro – ainda não havia pesquisas eleitorais para embasar tal decisão. Mesmo assim, ele levou sua equipe de trabalho que já estava montada para sua pré-campanha para dar apoio total a Salmir e Alexandre. Daniel se jogou de cabeça em um projeto que não era o seu e, assim como muitos outros apoiadores de Salmir e Alexandre, trabalhou duro no intuito de ajudar a elege-los.
“Eu fui convidado por um grupo político para ser candidato a prefeito de Biguaçu, inclusive com apoio de deputados estaduais e da cúpula desse partido [PSD], mas, como todos viram, isso não aconteceu. Inclusive, humilhando a mim e a minha família, em um ato planejado e calculado em uma convenção. Então eu vi que eu não poderia estar em um grupo que somente me usou. A minha vida pessoal e profissional foi pautada na transparência, na honestidade e na palavra, isso meu pai me ensinou. Mas infelizmente, naquele partido político, isso não aconteceu. Então eu me afastei totalmente e me desfiliei. Até hoje eu não recebi nenhum telefonema de pedidos de desculpas ou qualquer explicação, ao contrário, um silêncio total“, comentou da Luz.
Daniel conta que, logo após levar rasteira na convenção do PSD, outros candidatos a prefeito começaram a contatá-lo e ele explicou porque resolveu apoiar Salmir e Alexandre. “Eu recebi procura de todos eles, no entanto, eu já tinha uma conversa muito assídua e estreitada com o Salmir. A gente via algo novo para Biguaçu, uma renovação, indiferente de partidos políticos, pois a renovação se dá pelas pessoas envolvidas. E quando eu verifiquei as pessoas, eu acreditei muito em um projeto de renovação por meio do Salmir e do Alexandre, duas pessoas que eu conhecia e que pautavam coisas positivas e produtivas para nossa cidade. Junto com pessoas que eu confio e que estavam dentro da campanha do Salmir, como o Vinícius, por exemplo, que é meu amigo pessoal, foi construída a possibilidade de eu apoiar essa chapa“, detalhou.
Daniel também pontuou que ficou surpreso com o que ele classifica como uma vingança pessoal do prefeito Ramon Wollinger (PSD), após ele declarar apoio a Salmir e Alexandre durante uma live nas redes sociais. Alguns dias depois, uma equipe de fiscalização da prefeitura apareceu em sua casa e interditou uma reforma que estava sendo feita no telhado. Daniel e sua família tiveram que procurar rapidamente outra casa para morar, pois, com o embargo municipal impedindo-o de arrumar a cobertura da casa, a água da chuva continuaria infiltrando pelas telhas, causando prejuízos.
“Eu fiquei até surpreso com essa interdição, pois não era uma construção [que necessita de projeto aprovado pela prefeitura], mas sim uma reforma de telhado. Eu entendo isso como uma clara retaliação, assim como foi feita com os vereadores e secretários do partido Democratas, que foram escorraçados por não aceitarem imposição, e também com o médico infectologista Dr. Adriano. Mas essas perseguições não só fortalecem quem é perseguido, mas mostra que não é esse tipo de governança que a sociedade quer“, desabafou o advogado.
Daniel disse esperar que Salmir siga o plano de governo, que é voltado para geração de empregos e fortalecimento das políticas públicas para a Saúde, Educação e as outras áreas da administração municipal.