Os produtores rurais associados à Cooperativa de Produção Agroindustrial Familiar de Biguaçu (Copafab) comentaram, nesta quarta-feira à tarde, durante reunião com vereadores do município, que foram pegos de surpresa com a decisão da prefeitura de vender o abatedouro municipal. A cooperativa tem contrato de uso do local até maio de 2016.
O presidente da Copafab, Paulo Gessílio Vieira, de 51 anos, disse, ao Biguá News, que os cooperados não foram informados sobre o assunto.
“Ficamos sabendo por terceiros que o prefeito enviou um projeto na Câmara para vender o abatedouro. Eu recebi essa notícia com surpresa, pois estamos tocando e atendemos o município inteiro”.
Paulo argumentou que a cooperativa começou a administrar o espaço, há quatro anos, com débitos e necessitando de investimentos em infraestrutura.
“Pegamos isso daqui quase fechando. Estava praticamente quebrado. Colocamos as contas em dia, ajeitamos o que foi preciso e hoje estamos trabalhando sem dívidas”.
O vereador Vilson Norbeto Alves (PP), que acompanhou a reunião, comentou, à reportagem, que o prefeito teria enviado a proposta de venda após receber reclamações de alguns associados da cooperativa. “Diante das dificuldades relatadas inclusive por membros da diretoria, houve essa proposta, mas não para tirar o direito deles, e sim provocar que eles se reestruturem e se reorganizem”.
Vilson ressaltou que o abatedouro municipal é essencial para os pequenos produtores trabalharem dentro da legalidade. A capacidade de abate é de 20 cabeças por dia e atualmente trabalha próximo ao seu limite, com cerca de 18 animais enviados ao gancho diariamente. O serviço não é fechado somente para os cooperados e qualquer pecuarista de Biguaçu pode usufruir do matadouro. Foi explanado na reunião que inclusive há necessidade de ampliação.
A presidente da Câmara, Salete Cardoso (PV), anunciou que o Poder Legislativo vai segurar a tramitação do projeto até que o assunto seja resolvido entre cooperativa e prefeitura. “O que se viu aqui hoje é o interesse dos produtores em manter o abatedouro e de cumprir o contrato, que vai até maio. Eles também manifestaram vontade de continuar administrando, por meio de uma nova concessão. Então vamos marcar uma reunião com o prefeito para tratar sobre isso, buscando a melhor solução”.
Conforme a proposta do Poder Executivo, a estrutura está avaliada em pouco mais de R$ 930 mil – que seria o valor mínimo a ser aceito pelo empreendimento. O dinheiro entraria no orçamento do município para reforçar o caixa da prefeitura, em um ano com situação econômica desfavorável. No entanto, os cooperados da Copafab temem entrar em um leilão e perder o empreendimento para algum empresário. Assim, eles poderiam ficar impedidos de usar a estrutura.
Os vereadores Nei Cláudio Cunha (PPS), José Braz da Silveira (PSDB), João Domingos Zimmermann, (Nino), Manoel José de Andrade (Maneca) e Magali Eliane Pereira Prazeres, além do ex-prefeito Tuta – os quatro últimos do PMDB – também participaram dos debates.
Fotos: Alexandre Alves/Biguá News