Agência Brasil
Cerca de 30 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar (PM), estiveram na manifestação a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, realizada neste domingo (13), na Avenida Paulista, região central da capital. Em agosto passado, conforme a PM foram 350 mil manifestantes.
Os manifestantes começaram a se concentrar na avenida, que aos domingos tem o tráfego de veículos interrompido, no final da manhã. Vestindo camisas amarelas, ou enroladas em bandeiras do Brasil, as pessoas se reuniram ao redor dos diversos carros de som, que representavam os vários movimentos que organizaram o protesto. Além dos discursos, houve música e apresentações do Hino Nacional. No final da tarde, os carros de som foram desmontados e os manifestantes se dispersaram.
Os movimentos já esperavam que os atos de hoje, que aconteceram simultaneamente em diversas cidades do país, tivessem menos adesão do que os outros feitos ao longo deste ano. “A gente teve muito pouco tempo para divulgar e organizar essa manifestação”, disse um dos líderes do Movimento Brasil Livre, Kim Kataguiri.
No entanto, segundo Kataguiri, o número expressivo superou as previsões mais pessimistas. “Estou surpreendido positivamente. A ideia era que seria só uma sinalização de que o povo estava voltando às ruas, que estava atento ao início do processo de impeachment. Mas acabou sendo muito mais do que isso”.
O próximo protesto pedindo o afastamento de Dilma está marcado, segundo Kataguiri, para o dia 13 de março de 2016. “É quando a gente acredita que vai estar em votação no plenário da Câmara o relatório que vai sair da comissão de impeachment”. O tema, entretanto, pode ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na próxima quarta-feira (16).
O envolvimento de defensores do impeachment em escândalos de corrupção não é, na opinião de Kataguiri, um impedimento para o andamento do processo. “Existe uma tentativa do governo de criar essa narartiva de que o impeachment é uma batalha entre o [presidente da Câmara] Eduardo Cunha e a presidenta Dilma Rousseff. A gente está aqui hoje mostrando que não. A população é que pediu o impeachment”, afirmou.
Cunha é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), de manter contas secretas na Suíça e de receber pagamentos de propina em contratos da Petrobras. O parlamentar nega e diz que os recursos no exterior vêm de negócios de venda de carne no Continente Africano. “Eduardo Cunha, evidentemente, não tem nenhuma condição de ser presidente da Câmara dos Deputados. Deve, sim, se cassado. Ele nitidamente está interferindo no Conselho de Ética. Está fazendo manobras regimentais para que o processo seja atrasado”, defendeu Kataguiri.
A indignação com a corrupção era a principal razão apontada por muitos participantes para comparecer ao ato, como a professora universitária Kátia Perroti. “O problema da corrupção é justamente que as pessoas estão morrendo nos hospitais por falta de leitos. A corrupção gera a prostituta, o drogado e a desintegração das famílias. É por causa da corrupção que a gente não pode andar nas ruas, pelos assaltos e violência.”