O decreto da Prefeitura de Florianópolis, que regulamenta a Medida Provisória 712, do Governo Federal, para permitir o acesso dos agentes de combate a endemias em imóveis públicos e particulares no caso de situação de abandono, deve ser publicado nesta quarta-feira (3) no Diário Oficial do Município.
O anúncio foi feito pelo prefeito Cesar Souza Junior, que também avisou que os agentes de combate a endemias e os agentes comunitários de saúde irão manter o trabalho de varredura a imóveis em áreas de infestação do mosquito Aedes aegypti durante todo o Carnaval.
“Vamos receber perto de 400 mil pessoas nos próximos dias e o momento é crucial para que consigamos vencer a batalha contra o mosquito”, afirmou o prefeito. A preocupação é que entre os visitantes venham pessoas contaminadas com os vírus da dengue, zika ou chikungunya, transmitidas pelo Aedes aegypti. “Somos a única capital do país em que ainda não houve transmissão da doença e temoss que lutar para manter esse status e conter a epidemia”, disse Cesar Souza Junior.
Durante a entrevista coletiva no centro de saúde Novo Continente também foram apresentados os dez primeiros agentes de combate a endemias chamados no processo seletivo realizado para dobrar o número de profissionais atuando no município. Eles reforçam a equipe de 50 agentes que já estão em campo com outros 360 agentes comunitários de saúde que fazem a varredura nos imóveis localizados em áreas infestadas.
Decreto
Dos 7,2 mil locais visitados nos últimos sete dias, 357 não puderam ser vistoriados porque estavam fechados. Com o decreto municipal que será publicado nesta quarta-feira, segundo o prefeito, os agentes poderão acionar reforço policial para forçar a entrada nesses locais onde há risco à saúde pública. Isso ocorrerá após duas visitas ao mesmo lugar quando houver situação de abandono, em áreas de infestação, dentro do intervalo de dez dias. “É importante lembrar que precisamos que a população receba os agentes. Não há punição, mas sim a correção e conscientização sobre possíveis focos do mosquito no ambiente”, explicou o prefeito.
De acordo com o diretor de Vigilância em Saúde, Leandro Pereira Garcia, com o novo decreto os agentes de saúde terão mais respaldo legal para as ações de combate à dengue. Desde o começo de janeiro, agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias fazem a Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, com prioridade aos 43 mil localizados em regiões onde há infestação do mosquito.
Mirim
O secretário de Saúde Daniel Moutinho Junior contou que a Secretaria de Educação acaba de entrar na batalha contra o mosquito. Nos próximos dias, com o início do ano letivo, os professores da rede municipal serão capacitados e farão ações educativas para transformar crianças e adolescentes em fiscais mirins contra o Aedes aegypti. “Todos os esforços estão sendo feitos pelo poder público para o combate a essa epidemia. Sabemos que as crianças têm enorme capacidade de influência nas atitudes dos adultos e temos certeza de que só iremos vencer essa batalha com a ajuda da população.”
A Prefeitura ainda aguarda a resposta do Ministério da Defesa sobre o pedido de ajuda do Exército. A ideia é que 140 soldados entrem em campo para a vistoria e tratamento dos imóveis em todo o município, com foco nas áreas mais infestadas – Canasvieiras, na Ilha, e Monte Cristo, Coloninha e Capoeiras, no Continente.
Dados
Em Florianópolis, foram registrados 254 focos em 2015, sendo 83% na Região Continental. Em 2016 já foram identificados 26 focos, dos quais 25 estão no Continente. Foram confirmados 4 casos de dengue em 2016, todos contraídos fora do município, e outros 129 estão em investigação. A Capital tem um caso confirmado de zika, 17 em investigação, e outros nove sendo analisados para chikungunya.