O presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), Gelson Merisio (PSD), anunciou, em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (29), medidas para fazer economia no orçamento do Poder Legislativo. Entre elas, estão a criação de uma Controladoria-Geral e a extinção de 411 cargos efetivos de nível médio do quadro funcional da Assembleia – que significa redução de quase 50% do quadro de pessoal concursado. A informação é da assessoria.
A extinção dos cargos, aprovada pelos deputados nesta semana, já foi encaminhada para sanção do governador Raimundo Colombo. Já o Projeto de Lei Complementar (PLC) que cria a Controladoria-Geral da Alesc deve ser votado nas próximas semanas e, segundo Merisio, conta com o apoio dos parlamentares. “São medidas no sentido de termos redução de custos e racionalização do serviço público. Com isso, estamos mandando uma mensagem clara para a sociedade que devemos reduzir a máquina pública, os gastos com o processo administrativo, para que sobrem mais recursos para as áreas que atingem diretamente a população, como saúde, educação e segurança”, explicou o presidente.
Funcionamento
A Controladoria-Geral da Assembleia consistirá em uma estrutura funcional, composta por servidores efetivos, que se dedicarão exclusivamente à fiscalização contábil, orçamentária, operacional e patrimonial da Alesc, respeitando a legalidade e a economicidade na gestão dos recursos públicos. A controladoria também fará auditoria dos atos administrativos, como licitações, pagamentos de diárias, entre outros, além de apurar possíveis irregularidades cometidas por servidores públicos e a aplicação das devidas penas.
A controladoria não gerará custos para a Assembleia, pois aproveitará a estrutura já existente. “A controladoria terá plenos poderes para interferir em processos que tenham sido feitos de forma equivocada”, explicou Merisio. “Ela será criada na forma da lei e terá autonomia para intervir e parar uma licitação, por exemplo, que estiver em desconformidade com a lei, ou não pagar uma diária, quando ela não se justificar.”
Menos cargos
Sobre a extinção dos 411 cargos na Alesc, Merisio explicou que a proposta foi construída em consenso com o sindicato que representa os servidores legislativos e os demais deputados. Esses cargos serão extintos gradualmente, à medida que seus ocupantes se aposentarem. “Nos próximos três anos, estimamos que 350 desses servidores já estarão em condições de se aposentar”. O presidente afirmou que a redução do quadro funcional não prejudicará o andamento dos trabalhos legislativos. “Com o avanço da tecnologia, algumas atribuições que eram desempenhadas por dezenas de pessoas agora são feitas com uma quantidade menor.”
Com relação aos comissionados, Merisio afirmou que esses cargos não causam impacto na Previdência estadual, diferentemente dos efetivos, e por serem de representação política e não administrativa, podem ser extintos de forma mais simplificada. “A redução de cargos comissionados é algo passível de discussão”, ressaltou.
O parlamentar também comentou sobre o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre a Alesc e o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) em maio passado, que implicará na redução do número gradual de cargos terceirizados até a proporção de 20% na comparação com o quadro de efetivos. Os cargos serão extintos à medida que os seus ocupantes forem exonerados.
Economia de R$ 100 milhões
Ainda durante a entrevista coletiva desta quinta-feira, o presidente da Assembleia revelou que as medidas de contenção de gastos anunciadas no início do ano pelo Parlamento já resultaram em uma economia de R$ 100 milhões, que estarão à disposição do Estado, quando seu uso for necessário. Merisio destacou que no começo de sua atual gestão no Legislativo catarinense foram estabelecidas regras mais rígidas para a concessão de diárias. Antes, qualquer viagem superior a 12 horas de duração resultava no pagamento de uma diária inteira. Com a mudança, apenas as viagens que excedem 12 horas e têm comprovação de pernoite recebem uma diária. Quando não há pernoite, é paga meia diária.
A Presidência da Alesc também acabou com a verba de alimentação dos gabinetes, ainda em fevereiro, e em agosto fechou o restaurante que atendia servidores e deputados, que funcionava sem licitação. Os gastos com os escritórios de representação dos deputados em suas bases também serão reduzidos. Até então, cada gabinete recebia cerca de R$ 8 mil por mês para os gastos com aluguel e manutenção dessas estruturas. Agora, a Assembleia fará diretamente a locação e a manutenção desses escritórios, com um custo máximo mensal de R$ 2,5 mil.