O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que o Brasil está se preparando para receber oficialmente refugiados venezuelanos que fogem da violenta crise política, descontrole da inflação e escassez de alimentos do país vizinho.
O conflito se agravou neste ano com enfretamentos entre manifestantes e forças policiais, que já deixaram mais de 30 mortos e 700 feridos. Ele fez a declaração em entrevista durante anúncio da criação de um Plano de Revitalização do Parque Histórico Nacional dos Guararapes, no município de Jaboatão dos Guararapes (PE).
Ao ser questionado sobre o que o governo brasileiro planeja diante da entrada cada vez maior de venezuelanos no país, em especial em Roraima, Jungmann disse que está sendo elaborado um “plano de contingência”, para o caso de agravamento do conflito entre governo e oposição na Venezuela.
O estado de Roraima calcula já ter recebido cerca de 30 mil pessoas vindas do país vizinho e, em dezembro do ano passado, já havia decretado situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional nos municípios de Pacaraima e Boa Vista, por causa do fluxo migratório.
“Eu estive na Colômbia, agora vou me encontrar com os peruanos em Tabatinga. A avaliação corrente é que não está se vendo uma saída conciliada. Então o Brasil está se preparando para receber refugiados. Inclusive vai receber nesta semana a Acnur [Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados], órgão da ONU para refugiados”, disse. O ministro não quis entrar em detalhes porque o planejamento seria sigiloso, mas diz que o plano “tem tanto a ver com refugiados, quanto com os brasileiros e a integridade e segurança dos brasileiros que estão na Venezuela”.
Tropas norte-americanas
O ministro da Defesa também comentou a informação, publicada pela BBC Brasil, de que tropas dos Estados Unidos teriam sido convidadas pelo governo brasileiro para participar de um exercício militar na tríplice fronteira amazônica entre Brasil, Peru e Colômbia, em novembro deste ano. Jungmann negou que tropas dos EUA venham ao Brasil, e disse os militares norte-americanos foram convidados apenas observadores da chamada Operação América Unida.
“Não tem nenhuma ação militar dos EUA no Brasil. Isso é um equívoco e uma mentira. O que acontece é que vai se fazer um exercício com outros países da América do Sul e virão observadores dos Estados Unidos, da Índia, da Rússia, de tudo quanto é lugar. Não tem tropa americana aqui, não tem Exército americano e nem vai ter”, respondeu.