Darci Debona/DC: A dor e a tristeza continuam, mas a Chapecoense precisa começar, a partir desta semana, o processo de reconstrução do clube. O verde do time divide espaço com o preto de luto nas sacadas, mas há também a mensagem de “Vamos, vamos, Chape”. Não só a região Oeste, mas o mundo inteiro torce pelo futuro glorioso da equipe. Se nos primeiros dias torcedores diziam ter perdido tudo, a solidariedade do resto do planeta é a força para o Verdão se reerguer.
Ainda abatido pelo enterro dos últimos companheiros neste domingo, o presidente do clube, Ivan Tozzo, que assumiu o cargo pelo menos até o final do ano após a morte de Sandro Pallaoro, disse que a partir de hoje vai se reunir com os integrantes que restaram da diretoria para fazer o planejamento do clube. Não são poucas as definições a serem feitas. Além do elenco para o futuro, é preciso determinar a chefia do departamento de futebol, contratar nova comissão técnica e indicar os futuros diretores.
Dos 15 membros da atual diretoria administrativa, sete morreram. Dos seis integrantes da diretoria dos conselhos deliberativo e consultivo, sobraram três. Além disso, havia eleição marcada para 14 de dezembro, para o próximo biênio, em que Pallaoro deveria ser reconduzido ao cargo, bem como boa parte da atual diretoria.
— Vamos tentar ver no estatuto se dá para adiar para o fim do mês – diz Tozzo.
Um dos grandes problemas é o departamento de futebol. Além do presidente, que participava das decisões, também faleceram o vice-presidente de futebol, Mauro Stumpf, e o diretor de futebol, Cadu Gaúcho. Eles não apareceriam na nova chapa pois eram funcionários do clube. O futuro vice-presidente de futebol, Nilson Folle Jr, também faleceu. Outro ex-diretor de futebol e que seria reconduzido como vice-presidente de patrimônio e marketing, Jandir Bordigon, estava entre as vítimas.
— Sobramos eu, o Gelson (Dalla Costa, vice do conselho deliberativo) e o Maninho (Plínio David de Nês, presidente do conselho deliberativo) – diz Tozzo, sobre os que estavam à frente na diretoria.
A escolha do próximo presidente do clube está entre os três, embora compromissos particulares atrapalhem uma presença diária no time, como fazia Pallaoro. Caso Gelson e Tozzo não queiram ficar com a presidência, uma opção seria Plínio De Nês assumir o principal cargo e convencer o empresário Gilson Vivian a assumir a presidência do conselho deliberativo, cargo que já ocupou. Outros nomes, como o do advogado Marcelo Zolet, que foi para a Colômbia resgatar os corpos, podem ajudar a compor a diretoria. O vice-presidente regional da Federação Catarinense de Futebol e ex-presidente do clube, Nei Maidana, também seria um reforço.
Banco de jogadores mapeados ajudaria a remontar o time
Um banco de dados com jogadores mapeados pelos diretores Mauro Stumpf e Cadu Gaúcho, vítimas do acidente aéreo na Colômbia, pode ajudar na remontagem. O analista de desempenho Victor Hugo avaliou que, no momento, os que estão no clube ajudarão na reformulação.
Para ele, o momento pede muita calma para a tomada de decisões. Apesar de surgirem boatos de que atletas poderiam atuar de graça pelo Verdão – como o argentino Riquelme e Ronaldinho Gaúcho –, Victor Hugo lembra que o perfil de atletas do clube sempre foi em cima da força e do conjunto, e não de estrelas.
Entre os 102 funcionários da Chapecoense, o desejo é de reerguer o Verdão. Até o roupeiro Jorge Andrade, que está há 20 anos no clube e planejava se aposentar, quer contribuir.– Por mais humilde que seja minha função, posso ajudar com minha experiência – argumentou.A alegria de milhares de torcedores que lotavam a Arena Condá e que, mesmo na tristeza, foram nas homenagens para gritar ¿Vamos, vamos, Chape¿ merece ser retomada. Afinal, o indiozinho Carlos Miguel Garcia precisa de um time para ser mascote e para fazer com que sonhe com muitas alegrias. Dessa forma, quem passou pela Chapecoense e marcou o seu nome na história do clube também será homenageado.