A audiência pública realizada nesta terça-feira à tarde, no auditório da Univali, em Biguaçu, para debater a construção da ‘Vila de Segurança’ no município, trouxe à balia a necessidade da construção de uma nova unidade prisional, visto que o presídio do centro da cidade está superlotado. Excetuando alguns posicionamentos totalmente contrários, a maioria entendeu a necessidade da nova estrutura. Porém, grande parte não concorda que ela seja feita na região central.
O prefeito Ramon Wollinger (PSD) disse, ao Biguá News, que a exposição de opiniões feita no evento fortalece as discussões em torno do assunto, que é complexo.
“Esse tema precisa ser amplamente debatido, pois hoje gera dúvidas até pelo desconhecimento do que é um sistema prisional. Nós queremos fazer o que é melhor para a comunidade. Se temos que desativar o presídio antigo, que está inapropriado para abrigar presos, é melhor que um novo seja feito dentro de uma área de segurança. E como eu já deixei claro para o Governo do Estado, nós só liberamos se for junto com Delegacia de Polícia Civil e Batalhão da Polícia Militar”, falou o gestor.
O corretor de imóveis Marclei de Mello pontua a necessidade de ampliação das vagas ofertadas no município. Na avaliação dele, a construção de um novo presídio, com 412 vagas, vai possibilitar mais segurança pública, já que a cadeia ao lado da delegacia não pode mais receber detentos.
“Para onde vão as pessoas que cometem crimes? É preciso ter presídio na cidade. Se o atual que temos não oferta as mínimas condições de segurança, eu sou favorável. Mas desde que seja feito com aparato necessário. Não vai adiantar fazer um presídio com maior capacidade, se não houver forças policiais de acordo com a demanda”.
Já Nino Chainz apresentou um abaixo assinado de centenas de pessoas que não querem a obra e pontuou que um novo presídio vai acarretar problemas como desvalorização de imóveis, fuga de investimentos imobiliários para outras cidades, e o aumento da “sensação de insegurança” na vizinhança.
O universitário Lirian Miller se posicionou contrário à construção, argumentando que essa nova unidade certamente aumentará os índices de criminalidade. Disse, ainda, que um presídio ao lado de uma universidade colocaria os estudantes em constante perigo. “Concordo que devemos ter uma área de segurança, mas não gostaria de estudar ao lado de um presídio”.
O secretário adjunto de Justiça e Cidadania, Leandro Antônio Soares de Lima, explanou que em Biguaçu está sendo debatida a construção de um presídio, usado para abrigar detentos que ainda não foram julgados. Afirmou que, diferente de uma penitenciária, um presídio não traz para a cidade os familiares daqueles que estão aguardando julgamento. Ele lembrou que desde o ano de 2011, o Estado de Santa Catarina não passa por rebelião no sistema penitenciário.
Leandro garantiu que o novo presídio seria usado apenas para os detentos da Comarca da Biguaçu – que compreende também Antônio Carlos e Governador Celso Ramos. Aduz que essas 412 vagas não seriam para resolver a demanda da Grande Florianópolis. “Para isso nós vamos construir penitenciárias, mas não aqui em Biguaçu”, garantiu. “Aqui é uma unidade para atender a demanda local”, falou, lembrando que a atual Cadeia Pública de Biguaçu está lotada e não pode receber mais presos.