Engenheiros da China estão percorrendo os trechos por onde passarão os trilhos da futura ferrovia bioceânica, fazendo mapeamento e levantamentos topográficos em Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Acre e no Peru. Eles querem detalhar todos os pormenores para planejar a gigantesca linha férrea, que vai ligar os oceanos Atlântico (partindo de Ilhéus – BA) até ao Pacífico, na costa do Peru.
A comitiva de engenheiros chineses é acompanhada por técnicos da Valec e da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que percorrem, durante todo o mês de julho, os municípios que estão no traçado. Somente para sair do município de Campinorte (GO), cruzar Mato Grosso de Leste a Oeste e chegar à cidade de Cruzeiro do Sul (AC), é preciso atravessar mais de 3.500 quilômetros.
Os engenheiros da Valec detalham aos chineses o projeto da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), que constitui boa parte da bioceânica. O trecho de 901 km de Campinorte a Lucas do Rio Verde, já conta com o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), além do Projeto Básico, concluídos desde 2012.
O trecho seguinte, entre Lucas do Rio Verde e Vilhena (RO), com 646 km, também concluiu seu EVTEA, no ano passado. O Licenciamento Ambiental foi obtido após longa negociação com a Fundação Nacional do Índio (Funai). O processo licitatório para a elaboração do EVTEA e do Projeto Básico do trecho mais ao Oeste, entre Vilhena e Porto Velho, com 770 km, foi concluído e aguarda apenas a autorização para contratação.
A Bioceânica recentemente ganhou força com a assinatura do Memorando de Entendimento Brasil/China/Peru pela presidente Dilma Rousseff, e os presidentes da China, Xi Jinping, e do Peru, Ollanta Humala. O acordo prevê a entrega de estudos de viabilidade econômica patrocinado pelos chineses, em maio de 2016.
A Bioceânica vai abrir uma nova rota de escoamento da produção brasileira passando pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Acre, e, atravessando o Peru, chegar ao Oceano Pacífico. Atualmente, os produtos exportados para o mercado asiático são escoados somente via Canal do Panamá. A futura ferrovia poderá também enviar a produção agrícola do Centro-Oeste brasileiro para os portos do Norte e Sudeste, através da Ferrovia Norte-Sul, quando exportadas para Europa e Oriente Médio, o que abre ainda mais oportunidades logísticas.