Victor Pereira – DC
Enquanto em Bombinhas a Taxa de Preservação Ambiental (TPA) vai para o segundo ano de funcionamento, em Florianópolis a cobrança ainda não passa de uma ideia. A Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap) continua trabalhando no projeto, mas ainda não apresentou detalhes ao trade turístico ou ao poder público. Às vésperas da temporada, a implantação para este verão é uma possibilidade tão inviável que nem a própria Comcap fala mais no assunto.
Embora ainda aguardem mais informações, com o que foi divulgado até agora entidades empresariais, comerciais e de turismo da Capital e do Estado já têm definida uma posição contrária à forma como o pedágio ambiental vem sendo discutido e como a cobrança ocorreria na prática. O ponto comum entre as avaliações é a necessidade de estudo aprofundado e amplo debate sobre a taxa.
— Esse assunto jamais deveria ser discutido da maneira como está sendo feito. Precisa ser analisado dentro da área do turismo para saber se isso contribuiria efetivamente para a cidade. Na nossa análise, não podemos cobrar do turista para resolver um problema que Florianópolis tenha ou para aumentar a arrecadação. Se fosse para cobrar, teria que ser para incrementar serviços, em que moradores e turistas enxergariam aquela taxa sendo aplicada — comenta o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Santa Catarina (Abrasel-SC), Fábio Queiroz.
Além das poucas explicações ao trade por enquanto, o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Florianópolis (SHRBS) também critica o fato da Comcap estar encabeçando a proposta.
“Precisa organizar a mobilidade? Precisa, mas não assim. Nos tornaremos antipáticos diante do resto do Brasil e o sindicato é contra essa questão da Comcap. A empresa tem que cuidar do lixo e essa taxa envolve mobilidade. Não sou totalmente contra uma cobrança, mas tem de ter mais discussão, ser mais aprofundado”, destaca o presidente Tarcísio Schmitt.
O Floripa e Região Convention & Visitors Bureau tem opinião semelhante. Por ora, a entidade não se mostra nem contra nem a favor da taxa, esperando detalhes da proposta para embasar melhor qualquer parecer.
“Não aprovamos a cobrança de novos impostos, mas se for positivo pro turismo, vamos sentar e conversar, desde que não prejudique nem o morador, nem o visitante”, argumenta o vice-presidente Ricardo Pereira.
Associação propõe taxa apenas para ônibus e vans
A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Santa Catarina (ABIH-SC) também defende que uma possível cobrança não seja feita pela Comcap e nem tenha como finalidade o saneamento básico, já que entende caber aos governos municipal, estadual e federal essa responsabilidade.
“Somos favoráveis a uma taxa apenas para entrada de ônibus e vans na Ilha, exigindo também um guia turístico formado, profissional, credenciado pela Embratur para mostrar a cidade e divulgar o turismo”, diz o presidente do Conselho Deliberativo da ABIH, João Eduardo Amaral.
A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) é outra entidade que não vê a taxa com bons olhos. Logo que o pedágio ambiental virou notícia, a diretoria da Acif se reuniu com a Comcap e saiu do encontro com postura firme contra a TPA. Passado um mês, a avaliação do presidente Sander DeMira é a mesma:
“Não houve evolução no projeto apresentado para nós e continuamos com a mesma posição, de que não é cobrando R$ 20 que vamos qualificar o turismo em Florianópolis”.
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Florianópolis informou que terá uma reunião na semana que vem para conhecer melhor a ideia e tomar uma posição. Já a Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte de SC declarou que não sabe detalhes da TPA em na Capital e que não está se manifestando oficialmente sobre as cobranças porque são decisões de cada município, com suas realidades particulares.