A Epagri está finalizando sua atuação no Plano Brasil Sem Miséria e tem motivos para comemorar. A empresa atendeu 680 famílias rurais catarinense em situação de extrema pobreza, que desenvolveram projetos para suas propriedades e receberam recursos federais para implementar tais propostas. O resultado foi tão positivo que a empresa já avalia a possibilidade de estender a extensão rural para outras famílias catarinenses nessa condição.
A Epagri está produzindo o relatório final do Plano Brasil Sem Miséria, que será entregue em junho ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) e Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), instituições responsáveis pela ação. Em maio, técnicos da Epagri e dos dois órgãos federais reuniram-se em Videira para avaliar os trabalhos desenvolvidos no Estado. Na reunião, foram levantados os pontos positivos, as dificuldades e apontadas sugestões de aprimoramento do plano.
O plano foi lançado pelo governo federal em 2012, mas a Epagri começou a atuar em 2014, quando fez o levantamento das famílias rurais que poderiam se encaixar na proposta. Num primeiro momento, a empresa identificou cerca de mil famílias que poderiam ser beneficiadas, mas algumas não se encaixaram nas exigências da proposta, que tinha como um dos critérios renda mensal não superior a R$ 85 por familiar.
Para as 680 famílias enquadradas no plano, os técnicos da Epagri desenvolveram projetos de assistência técnica e extensão rural. Todas as propostas foram desenvolvidas em parceria com os assistidos e visavam a produção agrícola de subsistência, com possibilidade de venda do excedente. Assim, foram desenvolvidos projetos principalmente para criação de galinhas, de porcos ou de vacas, instalação de hortas ou de pomares e também para incrementar a produção de artesanatos.
Cada família recebeu duas parcelas de investimentos, a primeira de R$ 1,4 mil e, a segunda, de R$ 1 mil. Os valores, que não precisarão ser pagos pelo agricultor, foram aplicados nas propriedades seguindo o plano estabelecido em conjunto com a Epagri.
Os projetos garantiram segurança alimentar a estas pessoas, que muitas vezes só encontram trabalhos sazonais no meio rural. Na maioria dos casos, trabalham de dois a três meses por ano em colheitas e passam os outros meses sem ocupação fixa.
São família que residem em pequenas propriedades rurais, muitas não regularizadas e que, por isso, estavam fora das cadeias produtivas e não conseguiam acessar outras linhas de financiamentos voltados para a agricultura familiar. “Elas passaram a ter visibilidade, a serem enxergadas pela extensão rural”, descreve Célio Haverroth, coordenador de políticas públicas da Epagri, apontando este como um dos principais ganhos do trabalho. Ele explica que, mesmo após o encerramento do plano, estas famílias continuarão recebendo assistência técnica da empresa para seguirem seus cultivos.
Na avaliação de Célio, o projeto acabou indo além da proposta inicial; ele permitiu o aumento da autoestima deste público, que na sua maioria estava à margem da sociedade. “Esse trabalho dá um novo horizonte a estas famílias”, conta o coordenador da Epagri. Célio também destaca o protagonismo feminino. Na maioria dos casos, a mulher era a responsável por receber os recursos e tocar o projeto, reforçando seu papel na família.
De acordo com Célio, o MDSA já mostrou interesse de promover aditivos ao projeto, de modo que a Epagri possa dar sequência ao trabalho nos próximos anos, atendendo outras famílias rurais catarinenses em condição de extrema pobreza. O assunto será debatido durante o mês do junho entre a diretoria da Epagri e representantes do Ministério.