O fim de semana foi de trabalho para muitas famílias e comerciantes de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, um dos municípios afetados pelas chuvas que atingem Santa Catarina, desde o início do mês. O sábado e o domingo foram dedicados para limpeza da lama que invadiu as residências e os comércios no centro e bairros, onde o nível das águas está baixando lentamente.
Conforme relatório da Defesa Civil, no município foram registradas 20 mil pessoas afetadas, 900 pessoas estão em três abrigos e cerca de 4,6 mil imóveis foram atingidos. Com uma população de 67 mil e uma arrecadação anual de R$ 300 milhões, Rio do Sul registrou um prejuízo inicial estimado de R$ 15 milhões na iniciativa privada, R$ 1,2 milhão, na agricultura, e os outros prejuízos serão informados na próxima semana, após o levantamento completo.
A secretaria da Defesa Civil já repassou cestas básicas, kits limpeza, de higiene pessoal e galões de água. “As pessoas já estão fazendo a limpeza dos locais, mas ainda não recomendamos que voltem para casa em definitivo. Elas só devem fazer isso, quando a Defesa Civil fizer a recomendação com segurança e precaução. Estamos mobilizados em regime de plantão, e vamos continuar até que o nível do Rio Itajaí-Açu volte ao normal. Hoje estava com 9,80 mm, a tendência é baixar lentamente, porque está sendo feito o processo de esvaziamento das barragens”, informou o diretor municipal da Defesa Civil, Teodoro Silva.
O comerciante Adairton de Souza explicou que a lama tomou conta do estabelecimento e lembrou que em 2011 a inundação foi até o teto do local. “Quando começam as chuvas temos que tirar todas as mercadorias, e se perde muita coisa, apesar de retirar o essencial, sempre perdemos. São dias parados, sem trabalho e isso faz falta, e para se recuperar leva cerca de seis meses. Nossa maior dificuldades são as enchentes recorrentes. Agora é hora de retomar os trabalhos mais uma vez.”
A moradora Aygara Vieira disse que após a Defesa Civil informar que a cota do Rio Itajaí-Açu iria aumentar, os moradores Já começaram a retirar os móveis e utensílios das casas. “Começamos na quarta-feira e terminamos na madrugada de quinta. Tiramos tudo, só deixamos os móveis que poderiam ficar na enchente. Acredito que bens materiais podemos recuperar. O importante é todos estar bem. Tenho sete animais e salvei todos eles”, relatou.
Sandra de Andrade, que também estava fazendo a limpeza da residência, contou que assim que ficaram sabendo sobre a cota do rio, já tomaram as devidas providências para retirar móveis. “Começamos este trabalho há 15 dias, deixamos aqui só o necessário e nesta última semana saímos, porque a água invadiu. Temos o apoio da família e amigos. Já passamos por outras enchentes e não vai ser essa que vai nos derrubar. No decorrer do tempo tudo vai se reconstruindo. Não podemos desanimar.”
Dados da Defesa Civil apontam que 98 municípios catarinenses registraram ocorrências. Já são 7.488 residências danificadas, e 30.221 pessoas afetadas no Estado.
*Elisabety Borghelotti / Secom