O professor Marcio de Andrade Batista é o único brasileiro entre os 50 finalistas do Global Teacher Prize, considerado o Prêmio Nobel da Educação. Segundo a organização do prêmio, Batista foi escolhido entre milhares de candidatos de 148 países. Apenas 29 nações estão representadas entre os finalistas. O vencedor será anunciado em março do ano que vem, em Dubai, e receberá US$ 1 milhão.
Engenheiro químico e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Batista recebeu a indicação pelo trabalho que faz em escolas do ensino médio público. Ele orienta projetos sugeridos pelos próprios estudantes. A ideia é que os alunos desenvolvam interesse pela ciência desde o ensino básico. “Sempre tive como meta mostrar que ser cientista é tão legal quanto ser jogador de futebol ou outra profissão que os alunos admiram. Queria inserir a ciência dentro do rol de interesses dos alunos”, diz.
Com as orientações do professor, surgem assim projetos como a utilização da casca da castanha de baru, típica do cerrrado da região, para fazer pisos e a utilização de resíduo de soro de queijo para enriquecer pães e dar mais qualidade à alimentação. Uma das alunas, Bianca Valeguzki de Oliveira recebeu o prêmio Jovem Cientista pelas mãos da presidenta Dilma Rousseff.
“Quando me mudei para cá em 2010, vi que a universidade estava muito distante do ensino médio. Moramos em uma região pouco favorecida no sentido de acesso a materiais, de disponibilidade de laboratório. A intenção foi trabalhar com alguns alunos para replicar conhecimentos práticos para problemas da realidade deles”, explica.
Como orientandas ele prioriza as mulheres, por acreditar que são necessárias mais oportunidades para as meninas. “Se dermos apoio a esses meninos, eles vão longe. Principalmente as meninas. Vivemos em um país, digamos, machista. Às vezes uma mulher e um homem exercem a mesma função, mas a mulher ganha menos. Essas meninas tem que romper a barreira do machismo, de estar longe dos grandes centros urbanos”, defende.
O Global Teacher Prize está no segundo ano e é oferecido pela Fundação Varkey, fundada por Sunny Varkey, reconhecido internacionalmente pelo trabalho feito na educação. A intenção é mostrar o importante papel que os professores desempenham, reconhcendo um professor excepcional, que tenha feito um excelente trabalho em sua região.
A professora Nancie Atwell, dos Estados Unidos, foi a ganhadora do prêmio em 2015. Professora de inglês, ela deixa que os alunos escolham os livros que lerão e os assuntos sobre os quais escreverão nas aulas. Com a metodologia, cada aluno consegue ler em média 40 livros de 14 gêneros literários, além de escrever cerca de 21 artigos de 13 gêneros. Devido ao encorajamento e apoio, muitos dos seus alunos tornaram-se autores.
Agência Brasil