Dagmara Spautz / o Sol Diário
Um tubarão da espécie popularmente conhecida como mangona, ameaçado de extinção, atacou um banhista na Praia do Estaleiro, em Balneário Camboriú, na terça-feira à tarde. Rafael Hermes Thomas, 41 anos, foi atingido na cabeça pelo animal assim que entrou na água.
Socorrido pelos guarda-vidas, ele foi levado ao hospital Ruth Cardoso e precisou levar pontos. Apesar do susto, passa bem. “Dei o primeiro mergulho e senti que algo mordeu e soltou. Quando saí da água, percebi um rasgo”, relata Thomas.
Um amigo que o acompanhava chegou a ver o animal. Disse que era grande e cinza, e se parecia com um tubarão. Os dois correram para fora da água e buscaram ajuda. Thomas chegou a desmaiar, devido ao esforço e ao sangramento.
O sargento Jorge Luiz de Souza Batista, do Corpo de Bombeiros, que auxiliou no resgate, disse que o local onde ocorreu o incidente não tem pedras no fundo ou outra estrutura que pudesse provocar o ferimento. “Ferimentos provocados por animais são raros, ocorrem mais na época do (peixe) espada, mas ainda assim são diferentes dos cortes que ele teve”, disse.
Ameaçado
A confirmação sobre a “identidade” do animal que atacou Thomas foi feita na tarde desta quarta-feira pelo pesquisador Jules Soto, curador do Museu Oceanográfico da Univali, em Balneário Piçarras, após conversar com a vítima e avaliar a extensão dos ferimentos.
O ato de “morder e soltar” condiz com o comportamento dos tubarões, segundo Soto. É a maneira que os animais têm de “sondar” possíveis vítimas. É provável que o tubarão tenha desistido do ataque porque abocanhou a cabeça de Thomas _ se fosse a barriga, por exemplo, o caso poderia ter sido muito mais grave.
“A distância entre os cortes condiz com a maxila do carcharia taurus, que é um tubarão de águas rasas”, afirma Soto, que mantém no acervo do museu o único exemplar conservado da espécie no mundo.
O tubarão é um gigante, que pode chegar a três metros de comprimento quando adulto, e está ameaçado de extinção. Mas o espécime que atacou Thomas ainda era um filhote, de acordo com o pesquisador.
Embora os ataques sejam muito raros, tubarões são comuns na costa catarinense. No ano passado, um tubarão-tigre foi capturado por pescadores na mesma Praia do Estaleiro.
Aparições como a de terça-feira são muito difíceis de ocorrer, por isso Jules afirma que o ataque não é motivo para que as pessoas evitem o banho de mar. “Foi um acidente”, garante.
Cuidado extra
O ferimento inusitado demandou cuidado extra no Hospital Ruth Cardoso. Por risco de infecção, terá o curativo terá que ser refeito diariamente. Por enquanto, Thomas, que é servidor público e mora em Balneário Camboriú, está afastado do trabalho.
Ele diz que não vai deixar de tomar banhos de mar devido ao que ocorreu. Mas, na dúvida, vai preferir outras praias por enquanto.