Coluna Entrelinhas
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) surpreenderam todo o país na tarde desta quarta-feira, ao manter um réu na presidência do Senado Federal, mas retirá-lo da linha sucessória da Presidência da República. Renan Calheiros (PMDB-AL) responde a processo criminal sob suspeita de pagar despesas pessoais com dinheiro público desviado, no longínquo ano de 2007.
Depois de o ministro Marco Aurélio determinar seu afastamento do cargo por medida liminar e o político alagoano se recusar a cumprir essa ordem judicial – em flagrante desrespeito à Constituição Federal – o plenário do STF foi chamado a se manifestar. E, por 6 votos a 3, arrumou uma “solução Tabajara” para o caso. O que o STF fez foi dizer: um réu não pode assumir a República, mas pode presidir o maior Poder Legislativo do país.
Causa repugnância a manutenção de Calheiros no comando do Senado, que tem a função de “chancelar” as decisões da Câmara dos Deputados e do Poder Executivo. Ainda mais sabendo que, na véspera da votação no STF, Renan foi procurar o ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-MA). Este foi quem indicou, em 1989, o jurista Celso de Mello para ministro do Supremo. Justamente o voto de Mello foi o embasador da “solução Tabajara”.
O que pediu Renan a Sarney? E Sarney, pediu algo a seu indicado? Agiu Celso de Mello conforme manda sua consciência, ou atendeu a alguma ordem?
Brasília está mais fétida do que nunca.
*Alexandre Alves é jornalista, editor da Coluna Entrelinhas e do Biguá News