Vivo já o paraíso com meus amigos, realizando meu trabalho saboreio a “fase sobremesa”, na qual busco deliciosos complementos. Cícero, um dos meus atuais companheiros de estudo, viveu entre 106 e 43 a.C. e, segundo afirma o historiador Tadeusz Zelinski, o Renascimento seria um reviver Cícero.
Abraço suas palavras que viajam no tempo quando afirma que não tem fundamento pensar que na maturidade nada mais se consegue, e complementa: “Quem diz tal coisa, parece afirmar que o piloto do navio nada faz; enquanto uns sobem o mastro, outros se apressam pelas galeras da embarcação, outros esvaziam a água dos porões; o piloto só segura o leme e fica sentado, sereno na popa”.
Com o avançar da idade, fazemos grandes coisas porque as amamos, não se trabalha como os jovens, não com a velocidade ou com a rapidez do corpo, mas com sabedoria da inteligência, com autoridade, com ciência, diferenciais que na maturidade, caso a vida tenha sido bem sucedida, não só não se perdem, como aumentam.
Então, “eu vos pareço um inútil?”, questionava Cícero, esclarecendo Já ter sido soldado raso, tribuno, legado, cônsul e lutado muitas guerras. “Eu vos pareço estar em férias?” concluía.
Mantendo a chama viva com jovial alegria, inventando-se de infinitos modos, persistindo em novos projetos, permanecemos superiores. Inspirando e expirando, continuamos a criar, a abrir estradas e desse modo nos tornamos testemunhos de sucesso para as gerações que virão. Cada coisa tem seu tempo, cada fase tem seu modo… e depois de tantas águas e tantas luas, tantas terras e tantos céus, o doce fulgor do pôr do sol.
Alcançada a sabedoria, contempla-se a vitória e a doçura finalmente nos pertence, merecido prêmio aos vencedores. Brindemos à sobremesa!