Inicio pedindo escusas pelo irresistível trocadilho com a sigla partidária, ele serve para frisar que estas últimas eleições, para todos os cargos, sofreram com efeito jamais visto no Brasil, em que a “lógica” da política tradicional foi surpreendida em vários aspectos.
O primeiro deles, que sempre teve significativa valorização pelos partidos – sendo inclusive o principal motivador das coligações partidárias – foi o tempo de propaganda eleitoral. Mas nesta eleição, os futuros presidente e governador catarinense se elegeram, respectivamente, com apenas oito e sete segundos de propaganda eleitoral no primeiro turno.
O segundo aspecto que costumava ser bastante relevante nos pleitos anteriores, era o volume de recursos financeiros investidos, que neste ano ainda teve o acréscimo do “fundo especial de financiamento de campanha”. Todavia, em Santa Catarina o PSL não se utilizou de recursos públicos e gastou pouco mais de quatrocentos mil reais. Por outro lado, a campanha do seu adversário de segundo turno declarou ao TSE ter investido mais de seis milhões de reais. Ou seja, quinze vezes mais do que o candidato vencedor, mas que não serviram para gerar o resultado pretendido.
Além disto, o volume de filiados partidários e ocupantes de cargos eletivos e comissionados, sempre foram ponderados como relevantes para apurar a musculatura de qualquer candidatura. Porém, também neste quesito surgiu grande surpresa, já que as musculaturas partidárias foram superadas pela massa da população; que, de forma presencial ou digital, se engajou na campanha de forma jamais vista, curtindo, compartilhando e encaminhando conteúdo com os quais se identificavam e concordavam.
Assim, todo o mérito é devido àqueles que compreenderam o anseio da população e conseguiram se fazer entendidos, não podendo ser aceita a simplista alegação de que os eleitores catarinenses somente seguiram os efeitos da eleição presidencial.
*Anderson Nazário é especialista em Direito Tributário, Direito Ambiental e Direito Empresarial, diretor do escritório Nazário Advogados Associados e diretor jurídico da ACATMAR.
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