As perdas do Banco Central (BC) com operações equivalentes à venda de dólares no mercado futuro, swaps cambiais, chegaram a R$ 16,769 bilhões em janeiro, de acordo com dados divulgados ontem (3). No ano passado, essas perdas somaram R$ 89,657 bilhões.
O BC voltou a vender dólares no mercado futuro para oferecer proteção cambial para as empresas em momentos de forte oscilação da cotação, em maio de 2013, quando os Estados Unidos iniciaram a redução das injeções de dólares na economia mundial. Em agosto daquele ano, o programa tornou-se permanente, com o BC ofertando diariamente contratos de swap.
O programa de swaps durou até março de 2015, quando o Banco Central parou de ofertar novos lotes. Desde então, a autoridade monetária passou apenas a rolar os vencimentos.
Nos meses em que o dólar sobe, o BC tem prejuízo com as operações de swap. Quando a cotação cai, o banco tem lucro. Os resultados são transferidos para os juros da dívida pública, aliviando as contas públicas quando os contratos de swap são favoráveis à autoridade monetária e precisando ser cobertos com as emissões de títulos públicos pelo Tesouro Nacional quando acontece o oposto.
Taxa DI
Criado em 2001, o swap cambial é uma ferramenta que permite ao Banco Central intervir no câmbio sem comprometer as reservas internacionais. O BC vende contratos de troca de rendimento no mercado futuro. Apesar de negociadas em reais, as operações são atreladas à variação do dólar.
No swap cambial, a autoridade monetária aposta que o dólar subirá mais que a taxa DI (taxa de depósito interbancário, ou seja, a cobrada em transações entre bancos). Os investidores apostam o contrário. No fim dos contratos, ocorre uma troca de rendimentos (swap) entre as duas partes.
Quando o dólar sobe, o BC tem prejuízo proporcional ao número de contratos em vigor. Quando a cotação cai, os investidores deixam de lucrar.
Ao mesmo tempo que a alta do dólar gera perdas com operações de swap, ajuda a diminuir a dívida líquida do setor público (balanço entre o total de ativos e passivos dos governos federal, estaduais e municipais). Isso ocorre porque as reservas internacionais, ativos da dívida pública, são em dólar.
No mês passado, houve ganhos de rentabilidade das reservas internacionais no total de R$ 38,941 bilhões, excluídos os custos com captação de recursos.