Por Clarisse da Costa* – Li certo dia em um artigo, não me pergunte onde, pois só guardei o que me chamou a atenção, ‘’a escrita nada mais é do que desenhar letras’’. Tal como fazemos quando crianças, nossos primeiros traços são ao desenhar a nossa família. O nosso contato com a arte vem desde a infância. E quem pode nos confirmar isso é Hang Ferro, autor de ‘’Apanhador de Sonhos(coletânea), Poesia à Beira-Mar(coletânea), Aos Pés do Monte Mor e Código1’’.
Ao entrevistá-lo o escritor e poeta de Santa Catarina, relatou-me: – Na verdade, eu tenho o contato com a arte desde a infância. É na infância a nossa maior expressividade com a arte. Arte é a junção de conceito e definição, a formação de ideias. É a atividade humana inteiramente ligada a manifestações de ordem estética. E tudo a partir da percepção, emoções e ideias dos artistas.
O objetivo é estimular o interesse de consciência. E para muitos a arte é presente em quase tudo que vemos. Participando desse mundo podemos dizer que ali ganhamos asas. Somos livres para expressar tudo que sentimos e vemos. O humano eleva o alto conhecimento. Conhecer o outro é uma arte nada fácil, requer paciência, olhar para além da casca e ter alguns minutos do seu tempo para isso.
Como enfermeiro Hang tem essa experiência diária. Relatou-me: – A enfermagem ela tem muito de arte e talvez isso, o fato de eu gostar de gente, pudesse no trato humano desenvolver a veia artística, na escuta, especialmente porque o paciente de modo em geral, pelas condições de saúde que nós sabemos bem, ele está muito vulnerável.
Conhecer o outro faz parte do processo de crescimento evolutivo e pessoal do lado humano. E para o poeta esse é o meio de campo favorável para a sua escrita tanto poética como realista, embora o poético não fugir da realidade. O bom poeta traz para a escrita à sua verdade.
Diz Hang Ferrero:- Por essa vulnerabilidade a gente pode escrever o trato humano e ali desenvolver a arte, a poesia e tudo. É o todo que nos rodeia o olhar detalhista do poeta. Sua vivência com as pessoas é o inicio da sua jornada e o seu alto conhecimento uma dura batalha. O nosso humano através do outro busca entender a si mesmo. Mas muitas vezes comete o erro de se anular vivendo o outro, pois vê nele o ser ideal.
No entanto, para muitos, como poetas e escritores, é um prato cheio para uma boa história, poesia, crônica… E alguns ambientes trazem histórias interessantes. Conforme é o ambiente e o clima tudo pode ser propício para uma boa história, seja ela dramática ou humorística. O ambiente hospitalar é um prato cheio. Para Hang Ferrero é um prato cheio, diário, para compor crônicas. Diz Hang Ferrero:- Diria até que boas! As vivências com a saúde de modo geral, especialmente do ponto de vista do leigo, são no mínimo curiosas. O tipo de crônica que eu gosto de fazer é aquele tipo de crônica com uma pitada de humor. Então é muito engraçado!
A forma com que o leigo entende de
saúde, e esse de certa forma rende histórias muito interessantes, que não precisa
de um grande esforço e nem de um grande escritor para poder providenciá-las.
Elas já vêm prontas. Basta ter o contato com a escrita para desenvolver. O
escritor é livre, o lado humano é visto de outras formas. De certa forma ele
não se deixa se envolver. Separa o literário do humano e a sua escrita da
realidade.
Como diz o escritor, de forma em geral o artista tem os seus processos para se
relacionar com o ambiente que ele vive.
*Clarisse da Costa é cronista e artesã em Biguaçu/SC
Contato: clarissedacosta81@gmail.com