Passados pouco mais de 13 meses que Douglas Borba pediu exoneração da chefia da Casa Civil do Governo de Santa Catarina, boa parte de seus indicados nas mais diversas áreas do Poder Executivo estadual continuam nos cargos. Ele pediu para deixar o posto no dia 10 de maio de 2020, logo após prestar depoimento na sede do Deic em uma operação do Gaeco – que investigava a compra suspeita de 200 respiradores a preço de R$ 33 milhões. Os aparelhos não foram entregues e parte do dinheiro ainda não foi recuperada.
Biguá News pesquisou nos canais do governo quais nomes ligados ao ex-chefe da Casa Civil ainda estão ocupando cargos na esfera administrativa ou em órgãos e autarquias por meio de indicação política. Nesse levantamento foi constatado que o sócio de Borba no seu escritório de advocacia, Thiago de Lara Vieira, e o ex-sócio do escritório Matheus Hoffmann Machado – que foi o subchefe da Casa Civil enquanto Douglas comandava a pasta – continuam em cargos indicados por ele.
Thiago de Lara Vieira é vogal na Junta Comercial de Santa Catarina (Jucesc). No site da Junta é possível ver que ele compõe o colégio de vogais como “Representante do Governo do Estado de SC”. Perguntado pela reportagem se ainda estava compondo o colégio de vogais, Vieira confirmou que sim. Os vogais da Jucesc participam de reuniões da Junta e recebem jetons (remuneração acessória) por isso.
Outra pessoa indicada por Douglas na Jucesc e que ainda figura como vogal é o empresário Anisio Petry Junior, o “Popó”. Este foi citado na CPI dos Respiradores para demonstrar a forte influência que Douglas tinha no Governo do Estado. Ele também é “Representante do Governo do Estado de SC”.
O ex-sócio de Douglas e “homem de confiança” Matheus Hoffmann Machado continua exercendo cargo no Conselho Fiscal da Casan. Biguá News consultou várias atas de reuniões da companhia de água e esgoto de Santa Catarina dos últimos meses e lá consta presença confirmada dele. Assim como Thiago e Popó, ele também recebe jetons por cada reunião que comparece – seja presencial ou virtual
No Conselho Fiscal da Casan, junto com Matheus, está Gabriel Arthur Loeff. Ele participou das últimas sessões por meio virtual. “Gabrielzinho”, como é conhecido, também continua em um cargo na Casa Civil, como coordenador da Central de Atendimento aos Municípios. A remuneração bruta para essa função é de R$ 10.195,79.
Genivalda Ronconi, a Gê, deixou o cargo comissionado há pouco tempo. Em 2019, ela foi nomeada como gerente de administração do Hospital Santa Tereza, em São Pedro de Alcântara, função que exerceu até o mês de abril de 2021, quando pediu exoneração.
Depois da saída de Gê do Hospital Santa Tereza, outro biguaçuense assumiu o cargo de gerente de administração, ainda que por apenas quatro dias. Foi o ex-vereador e que concorreu a prefeito de Biguaçu pelo PSL nas eleições de 2020, André Clementino da Silva. A rápida passagem dele nesse cargo ocorreu entre o dia 4 de maio de 2021, quando foi contratado, até o dia 7 do mesmo mês, quando foi exonerado.
A reportagem não está questionando a capacidade técnica de nenhum dos citados para exercerem seus cargos no Governo do Estado, apenas citando que aqueles que entraram por indicação política de Douglas Borba ainda estão lá (ou estiveram até pouco tempo), mesmo após um ano e um mês de sua saída.
Douglas, por sua vez, continua cumprindo medida cautelar com monitoramento eletrônico enquanto se defende no Tribunal de Justiça dos processos ajuizados pelo Ministério Público de Santa Catarina no caso dos respiradores.
*matéria atualizada em 08/07/2021